sexta-feira, 13 de agosto de 2010

SABÃO DA COSTA


>> SABÃO DA COSTA <<
“OSE”

Sabão de origem da Costa do golfo da Guiné, África. Sendo que, na África tem o nome de “ose”, com a cor escuro, mole e perfumado, usado em “Rituais” tanto na África como no Brasil nos Cultos Afro-Brasileira.

Este sabão é muito importante, cuja composição original é conservada secreta, hoje, existe muito sabão falsificados, é uma pena, porque é um sabão muito usado nas ocasiões em que antecede a qualquer tipo de banho ritualístico, muito aconselhável à usa-lo sempre, ao menos duas vezes por semana, excluindo-se às sextas-feiras, sábados e domingos, sendo utilizado antes de dormir, para descarregar maus fluídos adquiridos durante o dia, obtendo um sono tranqüilo.
De modo geral, o banho é feito desde os ombros até os pés, sem tocar na cabeça. Só se utiliza para lavar a cabeça com sabão da Costa juntamente com sabão de côco, quando desejamos aliviar a “mão”de alguém, que por ventura tenha colocado a mão na cabeça de uma pessoa.
Quando terminar o banho, devemos ter junto uma vasilha com água com açúcar e largar nos quatros cantos do Box, evitar larvas negativas à outrem .

O sabão da Costa é utilizado na preparação inicial de okutás e utensílios de um “Ritual de Obrigação”, com a finalidade de eliminar todos os maus fluídos e larvas negativas, tornando os objetos virgens e purificados para receber o Àse (força do Òrìsà) à ser feito e assentado.
A minha velha e saudosa amiga Mãe Joana de Xapanã, através de seu Òrìsà, me deixou algo muito importante com relação a aplicação do sabão da Costa.
“Ele” me ensinou que antes de qualquer tipo de serviço e na falta de banho de quebra, devemos usar o sabão da Costa, e que também aplicar sua espuma e deixar por alguns minutos em exumes e feridas que custam a fechar, depois realizar um serviço, principalmente em feridas, tirando a espuma com água fervida ou sôro fisiológico, secando o local e colocando azeite de dendê (epô) morno, cobrindo o local com folhas de baga (mamoneiro) e amarrando as mesmas com fitas mimosa rosa e verde, repetindo o processo durante o dia quantas vezes for necessário, até completar 7 dias.
É verdade, o sabão da Costa é bom, mas, aquele Òrìsà era maravilhoso ! Quem viu, nunca mais verá! E quem não viu, nunca verá! Uma Mãe ! E um “Xapanã”com tantos conhecimentos.


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Os Mentores De Cura


Quem São

Os mentores de cura trabalham em diversas religiões, inclusive na Umbanda. São muito discretos em sua forma de se apresentar e trabalhar, e estas formas mudam de acordo com a religião ou local em que irão atuar. São espíritos de grande conhecimento, seriedade e elevação espiritual. Alguns deles não demonstram muito sentimento mas mesmo assim têm muita vontade de ajudar ao próximo, com o tempo tedem a evoluir também para um sentimento maior de amor ao próximo.

São extremamente práticos, não aceitando conversas banais ou ficar se extendendo a assuntos que vão além de sua competência ou nos quais não podem interferir, pois não são guias de consulta no sentido ao qual estamos habituados na Umbanda.

Para se ter uma idéia melhor, sua consulta seria o pólo oposto à consulta com um Preto Velho. Normalmente os pretos velhos dão consultas longas, cheias de ensinamentos de histórias, apelando bem para o lado emocional. Já os Mentores de Cura, se dirigem ao raciocínio, buscam fazer o encarnado compreender bem as causas de suas enfermidades e a necessidade de mudança nessas causas, bem como a necessidade de seguirem à risca os tratamentos indicados. Quando precisam passar algum ensinamento o fazem em frases curtas e cheias de significado, daquelas que dão margem à longas meditações.

São espíritos que quando encarnados foram: Médicos, Enfermeiros, Boticários, Orientais (que exercem sua própria medicina desde bem antes das civilizações ocidentais), Religiosos (monges, freis, padres, freiras, etc.), ou exerceram qualquer outra atividade ligada a cura das enfermidades dos seres humanos, seja por métodos físicos, científicos ou espirituais.





Métodos de Trabalho

Cada guia tem sua forma de restituir a saúde aos encarnados, normalmente se utilizam de meios dos quais já se utilizavam quando encarnados, mas de forma muito mais eficiente, pois após chegarem ao plano espiritual puderam aprimorar tais conhecimentos. Além disso esses espíritos aprenderam a desenvolver a visão espiritual, através da qual podem fazer uma melhor anamnese (diagnóstico) dos males do corpo e da alma.

Aliados aos seus próprios métodos individuais eles se utilizam de tratamentos feitos pelas equipes espirituais ou ministrados pelos encarnados com auxílio do plano espiritual.

Alguns deles são:



Cirurgia Espiritual

É realizada pelo mentor de cura incorporado ao médium. E envolve a manipulação do corpo físico através das mãos do médium, podendo ou não haver a utilização de meios cirúrgicos elementares (cortes, punções, raspagens, etc…). O maior representante deste método de trabalho no Brasil é o espírito do Dr. Fritz, mas este método é utilizado em diversas culturas e religiões

Cirurgia Perispiritual

É realizada diretamente no perispírito do paciente, com ou sem a colaboração de um médium presente, costuma ser realizada por uma equipe espiritual designada especificamente para cada caso e ser feita em dia e horário pré determidados.



Visita Espiritual

É realizada por uma equipe espiritual, que visita o paciente no local onde ele estiver repousando, também com um dia e hora predeterminados. Na visita, darão passes, farão orações, etc…



Cromoterapia

É indicada pelos mentores de cura e aplicada por médiúns que conheçam o método de aplicação. Atua no corpo físico e no duplo etérico. Muito utilizado para males de origem emocional.



Fluidoterapia

É indicada pelos mentores de cura e aplicada por médiúns que conheçam o método de aplicação. Atua no corpo físico e no perispírito.



Reiki

É indicada pelos mentores de cura e aplicada por médiúns que conheçam o método de aplicação. Atua no corpo físico e no duplo etérico. Muito utilizada para males de origem emocional ou psíquica e para realinhamento de chacras.



Homeopatia

Indicada e receitada pelos mentores espirituais. As fórmulas são feitas normalmente por laboratório de manipulação homeopáticos. E devem ser tomados de acordo com o determinado.



Outros

Fora estes tratamentos, também podem ser utilizados, florais de Bach, cristaloterapia, chás, aromaterapia, acumpuntura, do-in, etc…

Em alguns casos os guias também indicam dietas, alimentos a serem evitados ou ingeridos para melhoria da saúde geral.



OBS: Para o momento da visita espiritual e cirurgia espiritual: O paciente deverá vestir-se e deitar-se com roupas claras (de preferência branca); ficar num ambiente calmo, com pouca luz e colocar ao lado um copo d’água para ser bebida após o tratamento.

Após a visita e a cirurgia, o paciente deverá manter-se em abstenção por mais 6 horas, para que a energia doada seja melhor absorvida.


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COMANDOS E REPRESENTAÇÕES DAS LINHAS DE UMBANDA


Por serem um conjunto de vibrações que atuam sobre todos os seres encarnados, as Linhas de Umbanda têm Comandos definidos e Representantes junto às outras linhas, para evitar entre choques e harmonizar melhor as freqüências, sendo o seu principal escopo o bem estar do ser encarnado. Ditos Representantes, comparam-se à Diplomatas com suas imunidades, e ascendência direta sobre os seus afins. A seguir damos a relação dos Comandos e Representantes entre as 7 Linhas da Umbanda.

LINHA DE OXALÁ
Caboclo Tupi – Representante de Oxalá na Linha das Almas
Caboclo Guarani – Representante de Oxalá na Linha de Oxóssi
Caboclo Aymoré – Representante de Oxalá na Linha de Ogum
Caboclo Guaracy – Representante de Oxalá na Linha de Xangô
Caboclo Ubiratã – Representante de Oxalá na Linha de Ibeji
Caboclo Ubirajara – Representante de Oxalá na Linha de Senhoras
Caboclo Urubatão da Guia – Comando da Linha de Oxalá

LINHA DAS SENHORAS
Cabocla Janaina – Representante das Senhora na Linha das Almas
Cabocla Jupissiara – Representante das Senhoras na Linha de Oxóssi
Cabocla Jupiara – Representante das Senhoras na Linha de Ogum
Cabocla Jussara – Representante das Senhoras na Linha de Xangô
Cabocla Jacira – Representante das Senhoras na Linha de Ibeji
Cabocla Jandira – Comando da Linha das Senhoras
Cabocla Jupira – Representante das Senhoras na Linha de Oxalá

LINHA DE IBEJI
Yarirí – Representante de Ibeji na Linha das Almas
Crispiniano – Representante de Ibeji na Linha de Oxóssi
Crispim – Representante de Ibeji na Linha de Ogum
Orí – Representante de Ibeji na Linha de Xangô.
Doum – Comando da Linha de Ibeji
Damião – Representante de Ibeji na Linha das Senhoras
Cosme – Representante de Ibeji na Linha de Oxalá

LINHA DE XANGÔ
Xangô Abomi – Representante de Xangô na Linha das Almas
Xangô Aganjú – Representante de Xangô na Linha das Almas
Xangô Alafim – Representante de Xangô na Linha de Ogum
Xangô Kaô – Comando da Linha de Xangô
Xangô Agojo – Representante de Xangô na Linha de Ibeji
Xangô Alufam – Representante de Xangô na Linha das Senhoras
Xangô Agodô – Representante de Xangô na Linha de Oxalá

LINHA DE OGUM
Ogum Megê – Representante de Ogum na Linha das Almas
Ogum Rompe Mato – Representante de Ogum na Linha de Oxóssi
Ogum Guerreiro – Comando da Linha de Ogum
Ogum de Nagô – Representante de Ogum na Linha de Xangô
Ogum Dilê – Representante de Ogum na Linha de Ibeji
Ogum Beira Mar – Representante de Ogum na Linha das Senhoras
Ogum de Malê – Representante de Ogum na Linha de Oxalá

LINHA DE OXÓSSI
Caboclo Arruda – Representante de Oxóssi na Linha das Almas
Caboclo Pena Verde – Comando da Linha de Oxóssi
Caboclo Araribóia – Representante de Oxóssi na Linha de Ogum
Caboclo Cobra Coral – Representante de Oxóssi na Linha de Xangô
Caboclo Guiné – Representante de Oxóssi na Linha de Ibeji
Cabocla Jurema – Representante de Oxóssi na Linha das Senhoras
Caboclo Pena Branca – Representante de Oxóssi na Linha de Oxalá

LINHA DAS ALMAS
Vovó Maria Conga – Comando da Linha das Almas
Vovó Arruda – Representante das Almas na Linha de Oxóssi
Pai Benedito – Representante das Almas na Linha de Ogum
Pai Tomé – Representante das Almas na Linha de Xangô
Pai Joaquim – Representante das Almas na Linha de Ibeji
Rei Congo – Representante das Almas na Linha das Senhoras
Pai Guiné – Representante das Almas na Linha de Oxalá

A linha de Exus, é outra linha independente, assim como Ibeji, engloba-se no plano número 1 da Umbanda, através do qual tem se acesso aos planos positivos, por mérito e evolução, conseguidos através do trabalho de sapa.

Exú é a Polícia de Choque da Umbanda, é quem cobra na hora e também é quem tem maior ligação com os seres encarnados. Existem três tipos de Exu, à saber:

EXU PAGÃO: é aquele que não sabe distinguir o Bem do Mal, trabalha para quem pagar mais. Não é confiável, pois se pego, é castigado pelas falanges do Bem, então volta-se contra quem o mandou.

EXU BATIZADO: é todo aquele que já conhece o Bem e o Mal, praticando os dois conscientemente; são os capangueiros ou empregados das entidades, à cujo serviço evoluem na prática do bem, porém conservando suas forças de cobrança.

EXU COROADO: é aquele que após grande evolução como empregado das Entidades do Bem, recebem por mérito, a permissão de se apresentarem como elementos das linhas positivas, Caboclos, Pretos Velhos, Crianças, Oguns, Xangôs e até como Senhoras.

Elemento e força da natureza: fogo
Dia da semana: segunda-feira
Chakra atuante: básico ou sacro
Planeta regente: Saturno e Plutão
Nota musical: dó
Cor vibratória: vermelho (totalmente), variando a tonalidade de acordo com sua evolução
Cor representativa: vermelho e preto, branco e preto, preto e amarelo (vide nota especial no final do capítulo *)
Cor do colar (guia): vermelho e preto, branco e preto, preto e amarelo, como acima
Saudação: Aruê-Exu, Arô-Exu ou Laroiê-Exu
Negativo: Quiumbas
Amalá: carne de porco ou de boi crua, cabrito, galinha preta, farofa com azeite de dendê, pimenta da costa, pipoca sem sal e sem açúcar, banana d’água
Otí: cachaça para os machos e champanhe ou anis para as fêmeas
Local de entregas: encruzilhadas, cemitérios, praias, lodo, pedreiras, etc.

Encruzilhadas abertas: para todos Exus (indistintamente)
Encruzilhadas fechadas: para todos os Exus (indistintamente)
Porteira de Curral: Exu das Sete Porteiras
Encruzilhadas Mistas: Exus mirins, etc…
Encruzilhadas em “S” ou curvas: Exu Tira-teima
Encruzilhadas em pé de galinha: Dona Pomba-gira
Encruzilhadas de estrada de ferro: Dona Maria Padilha
Encruzilhadas de caminho do mato: Dona Maria Molambo
NOTA: Nas curvas em S nunca se caminha pelo lado do ângulo da curva. Nunca se deve atravessar as encruzilhadas em diagonal, principalmente as de dentro do cemitério. Ao utilizar-se uma porteira de curral, entra-se pelo lado direito e sai-se pelo esquerdo.

Nota especial da cor representativa e dos colares (guias) *

Vermelho e preto: para todos os EXUS de encruzilhadas.
Preto e branco: Para todos EXUS com chefia, independente do local a que pertença.
Preto e amarelo: Exclusivas para os EXUS da Calunga Pequena (cemitério).



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Apresentação das Entidades


Ao penetrarmos neste assunto, sabemos, de antemão, que vamos contrariar uma grande parte do movimento umbandista, ainda aferrada a antigas visões, porém, nosso objetivo é separar o joio do trigo, pela estranha confusão que o fanatismo, irmão do feiticismo, faz das Formas ou Roupagens Fluídicas que os Orixás, Guias e Protetores usam nosso movimento UMBANDISTA.

Não devemos, em absoluto, aceitar as descrições fantásticas que “videntes”, intoxicados de animismo, fazem de supostas entidades Alguns vêem Oguns Japoneses, Mongóis, Tibetanos e até Romanos, de couraças, espadas ou cimitarras flamejantes, quando não é um “Xangô” chinês, na aparência de um velho mandarim…Outras vezes, afirmam que Oxossi é um jovem hindu ou italiano, de cabelos semi-compridos, com um manto púrpura ou um homem de cor morena-jambo, com uma faixa na cinta e três flechas enfiadas no corpo, tal e qual o modelo fabricado pelos fabricantes de santo.
A umbanda é a Lei regida por princípios e regras em harmonia que não podemos alterar pela simples vontade; todos os que conscientemente, tentaram alterá-la, sofreram diferentes dissabores.
Repetimos e afirmamos: a Umbanda é o movimento do Círculo Inicial do Triângulo e este, é o Ternário ou a Tríade, que exterioriza suas vibrações através das Três Formas ordenadas pela Lei, que são místicas pois simbolizam:

A pureza, que nega o vício, o egoísmo e a ambição;
A simplicidade, que é o oposto da vaidade, do luxo e da ostentação;
A humildade, que encerra os Princípios do amor, do sacrifício, e da paciência, ou seja, a negação do poder temporal…
As três formas que simbolizam estas virtudes são as de Crianças, Caboclos e Pretos-Velhos, que ainda traduzem: o Princípio ou Nascer, o Meio ou a Plenitude da Força e a Velhice ou o Descanso, isto é a consciência em calma, o abandono das coisas materiais…o esquecimento do ilusório para o começo da realidade.

No entanto, o Espírito, o nosso eu Real, jamais revelou, nem revelará, a sua verdadeira essência e “forma”, compreenda-se bem, sua “forma-essencial”.
Ele externa sua consciência, seu livre arbítrio, por sua alma, pelo corpo mental, que engendra os elementos para a formação do denominado Corpo Astral ou Perispírito, que é uma “forma durável”, fixa, podemos dizer.
Tentaremos então explicar, que o espírito não tem Pátria, porém, conserva em si ou forma a sua alma pelos caracteres psíquicos de vários renascimentos, em diferentes Pátrias.
No entretanto, o conjunto desses caracteres psíquicos experimentais contribui para formar a sua personalidade moral e mental, influindo decisivamente na “forma” de seu corpo astral e mesmo na física quando encarnado.

Poderá, pelo resgate, elevar-se ou evoluir tanto, espiritualmente, que sua imediata condição estando de tal forma purificada, anula completamente os caracteres pessoais de sua última encarnação, e o seu corpo astral pode tomar uma “forma etérica” que apaga, em aparência, aquela que caracterizou esta passagem pelo “mundo da forma humana”.
Assim, devemos concluir que existe maior quantidade de formas astrais feias, baixas, de aspectos brutais, reveladoras do atraso mental de seus ocupantes espirituais, do que formas belas que expressam a LUZ, a consciência evolutiva.

Os ocupantes das formas que revelam um Karma limpo, uma iluminação interior, é que são chamados a cumprir missão na Lei de Umbanda, e por seus conhecimentos e afinidades, são ordenados em uma das Três Formas já citadas… velando assim suas próprias vestimentas karmânicas.
Esta metamorfose é comum aos que tomam a função de Orixás ou Guias que assim procedem, escolhendo por afinidade uma dessas formas em que muito sofreram e evoluíram numa encarnação passada.
Para os que estão classificados como Protetores, em quase maioria, não se faz necessário essa transformação, porque conservam ainda uma das três formas em seus corpos astrais, quais sejam:

CABOCLOS,CRIANÇAS e PRETOS- VELHOS.

Saibam todos que tudo isso não é mera concepção nossa; obedece a lógica, ao estudo e a experiência, verificadas em centenas de aparelhos(médiuns), através das respostas de suas entidades sobre o assunto.
Senão, vejamos na mais simples e clara das provas: perguntem, através de um bom aparelho(médium) que não seja do qualificado de “consciente” a qualquer Guia, quer de Xangô, Ogum, Orixalá, Yemanjá, etc, se ele é japonês, chinês, inglês ou italiano…
Na certa responderá que não, pois, no momento, está ordenado por uma dessas vibrações ou linhas, e dirá por exemplo: sou um ogum, orixá e caboclo ou dirá, Caboclo X da Falange de Ogum Yara, Ogum Megê ou Ogum de Lei, etc…

Se forem entidades que se apresentam como Crianças, responderão por exemplo: sou Yariri, orixá da vibração ou linha de Yori, ou então, sou “X” da falange de Yariri, Doum ou Ori, etc.Perguntem, ainda, a um que se apresente como Preto-Velho, e ele dirá que é Pai “X”, por afinidade, um Congo, um Angola, um Cambinda, etc. Da Vibração de Yorimá, ou da Falange de um Pai-Arruda, Pai-Guiné, Pai-Tomé que são orixás, isto é, chefiam Legião ou Falange.
Como poderão compreender, tudo gira e se expressa nas Três Formas, ou seja, na Tríade, que, por analogia, é o reflexo da Trilogia Sagrada, o Ternário Humano, sintetizado na Unidade que é a manifestação de DEUS.

“O número três reina por toda parte no Universo” disse ZOROASTRO, e este Universo é Tríplice em suas três esferas concêntricas; o Mundo Natural, o Mundo Humano, e o Mundo Divino. Até no homem são três as partes que o formam: Corpo, Alma, Espírito. Porque foi da combinação de Três Forças Primordiais (Espírito, Alma, Matéria) que surgiu a forma dos seres que povoam os Universos dentro do Cosmo, limitado e ilimitado em si mesmo.

Ainda é a força sagrada do número três que forma os cultos trinitários. Exemplos: na Índia com BRAHMA, VISNU e SHIVA; a própria unidade do cristianismo com o PAI, o FILHO e o ESPÍRITO SANTO; no EGITO é OSÍRIS, ÍRIS e HóROS; na CHINA, é BRAHMA, SHIVA e BUDA; na PÉRSIA de ZOROASTRO, era OZMUD, ARIHMAN e MITRA; na primitiva GERMÂNIA, era VOTAM, FRIGA e DINAR; os ORFÍCOS, na Grécia, apelidavam de ZEUS, DEMÉTER e DIONISIUS; na antiga CANAAM era BAAL, ASTARTÈ e ADONIS ECHEMUN…e os CABIRAS, povos de inconcebível Antigüidade, regiam seus mistérios de forma trinitária, com EA (pai), ISTAR (mãe) e TAMUZ (filho) e por fim vamos chegar à Umbanda com IAMBY(ZAMBY) YEMANJÁ e ORIXALÁ (ou OXALÁ).

Citamos tudo isso, para que possa conceber, com provas comparadas, que as formas na Umbanda de Crianças, Caboclos e Pretos-Velhos, obedecem a uma Lei. Não é simples imaginação de A ou B. Segue o mistério do número três…é a confirmação de uma trilogia religiosa.
Quando à chamada apresentação desses Espíritos, cremos ter ficado patente que o fazem sempre e invariavelmente dentro dessas três roupagens fluídicas como Orixás, Guias e grande percentagem dos que chamamos de Protetores, porque, parte destes, não necessita dessa adaptação, por já conservarem como próprias.

Nesta altura, faz-se necessário uma elucidação: sabemos, pelos ensinamentos dos Orixás, que essa Lei, essa Umbanda, é vivente em outros países, talvez não definida ainda com este nome, porém, os princípios e regras serão os mesmos. Quanto às “formas” são ou poderão ser as três que simbolizem, nestes países, os mesmos qualificativos que os nossos, ou sejam os mesmos no Brasil(Pureza,Simplicidade e Humildade).

Agora por suas apresentações nos aparelhos (médium) devemos compreender como:características tríplices das manifestações chamadas incorporativas, que se externam:
Pelas flexões fisionômicas, vocais e psíquicas;
Pelo ponto cantado ou prece;
Pelos sinais riscados, ou pontos de pemba;
E essas características, salvo situações especiais, são inalteráveis em qualquer aparelhos, cujo Dom real o qualifique como Inconsciente(totalmente dirigido) ou Semi-Inconsciente(parcialmente dirigido).


Então vamos passar a identificar, de um modo geral, os sinais exteriores, os fluídos atuantes e as tendências principais dos Orixás, Guias e Protetores, através de suas “máquinas transmissoras” pelas Vibrações ou Linhas, em número de SETE:


LINHA OU VIBRAÇÃO DE ORIXALÁ – Estas Entidades usam roupagem de Caboclos. São as mais perfeitas nas manifestações. Não fumam, mesmo no grau de Protetores, e não gostam de ser solicitadas sem um motivo imperioso além das 21 horas. Suas vibrações fluídicas começam se fixando pela cabeça, por cima, na altura da glândula pineal e vai até aos ombros, com uma sensação de friagem pelo rosto, tórax, e certo nervosismo que se comunica de leve ao Plexo Solar. A respiração faz-se quase somente pela narina direita, entrecortada de suspiros longos. O movimento que indica o controle na matéria vem com um sacolejo quase que geral no corpo.
Falam calmo, compassado e se expressam sempre com elevação, conservando a cabeça do aparelho(médium), ora baixa ora semi levantada…
Seus pontos cantados são verdadeiras invocações de grande misticismo, dificilmente escutados hoje em dia, pois é raro assumirem uma “chefia de cabeça” e quase nunca uma função auxiliar efetiva (um dos Orixás Chefes, senão o mais antigo, é o Caboclo Urubatão; o autor, em seu eterno “peregrinar” em incontáveis “terreiros”, teve momentos de verdadeira “agonia mental” quando era obrigado a cumprimentar “aparelhos” com “encosto” de Exu, dizendo-se, por vaidade ou puro animismo, ser aquela entidade. Esta “agonia” era por ver as tremendas falhas da “representação”, vistas e sentidas por seus próprios companheiros, que olhavam a “cena” divertidos e irônicos).
Baixam raras vezes e só o fazem a miúdo, quando encontram a mediunidade de um ou outro em excelente estado mental, e moral.
Seus sinais riscados são quase sempre curvos e formam desenhos de grande beleza: dão a Flecha, Chave e Raiz.
As entidades apresentam-se invariavelmente calmas, quase não falam, consultam pouco e não assumem “chefia de cabeça”, porém são sempre auxiliares.


LINHA OU VIBRAÇÃO DE YEMANJÁ – Fazem sentir seus fluídos de ligação pela cabeça, braços e joelhos. Balançam o corpo do aparelho (médium) suavemente, levantando os braços em sentido horizontal, flexionando e tremulando as mãos, arfando um pouco o tórax, pela elevação respiratória e balançando a cabeça, tomam o controle do médium. Não dão gemidos lancinantes nem fazem corrupios com um copo de água seguro pelas mãos no alto da cabeça como se estivessem em exibição circense.
Gostam, isso sim, de trabalhar com água salgada ou de mar, fixando vibrações, porém serenos sem encenações. Suas preces cantadas ou “pontos” tem o ritmo triste, falam sempre no mar e em Orixás de sua linha. Seus pontos riscados são de contornos longos e dão a Flecha, a Chave e a Raiz.


LINHA OU VIBRAÇÃO DE YORI – Essas entidades, altamente evoluídas, externam pela máquina física, maneiras e vozes infantis, mas de modo sereno, às vezes apenas um pouco vivas. Nunca essas ridicularias, onde certos “cavalos”, usando e abusando do chamado Dom “consciente”, expelem seus subconscientes atulhados de supertições e vícios de origens, com gritos e ” representações fúteis.”
Atiram seus fluídos sacudindo ligeiramente os braços e as pernas e tomam rapidamente o aparelho pelo mental.
Gostam quando no plano de Protetores, de sentar no chão e comer coisas doces, mas sem desmandos.
Dão consultas profundas e são os únicos que adiantam algumas provações que ainda temos que passar, se insistirmos nisso. Tornamos a lembrar, isso, apenas se estiverem em aparelhos(médiuns) de excelente grau mediúnico.
Suas preces cantadas falam muito em Papai e Mamãe do Céu e em mantos sagrados. São melodias alegres, umas vezes, tristes , e não esses ritmos estilizados que é comum ouvirmos.
Seus pontos riscados são curtos e bastante cruzados pela Flecha, Chave e Raiz.


LINHA OU VIBRAÇÃO DE XANGÔ – Essas entidades usam a forma de Caboclos, e se entrosam no Corpo Astral de maneira semi brusca, refletindo-se em arrancos no físico; suas vibrações atingem logo o consciente do aparelho (médium), forçando-o do tórax a cabeça, em movimentos de meia rotação e pela insuflação de suas veias do pescoço, com aceleração pronunciada do ritmo cardíaco, na respiração ofegante, até normalizarem seu domínio físico.
Emitem não um urro histérico alucinado que traduzem como “KA-Ô”, acentuando as sílabas, e sim uma espécie de som silvado, da garganta para os lábios, que parece externar o ruído de uma cachoeira ou de um surdo trovejar…
Não gostam de falar muito. Seus pontos cantados são sérias invocações, de imagens fortes e podem ser cantados em vozes baixas.
Seus pontos de pemba ou sinais riscados fixam o mistério da Flecha, Chave e da Raiz.


LINHA OU VIBRAÇÃO DE OGUM – Têm a forma de Caboclos. Estas entidades vibram também com força sobre o Corpo Astral, fixando seus fluídos pelas costas e cabeças, precipitam a respiração e tomam o controle do físico, quando o alteram para um porte desempenado.Geralmente dão uma espécie de “brado” que, num bom aparelho, se entende bem as duas sílabas da palavra OG-UM, como invocação à Vibração que o ordena.
Jamais esses brados podem ser confundidos com certos “uivos e latidos” que se escutam em “alguns” lugares, em pessoas que se dizem mediunizadas (incorporadas), com esgar e olhos injetados de vermelho, que indicam bebida alcoólica ou auto sugestão.
Esses espíritos gostam de andar de um lado para outro e falam de maneira forte, vibrante e em todas suas atitudes demonstram vivacidade. Suas preces cantadas ou pontos traduzem invocações para a luta da fé, demandas, etc.
Seus pontos riscados são semi curvos e revelam a força da Lei de Pemba pela Flecha, Chave e Raiz.


LINHA OU VIBRAÇÃO DE OXOSSI – Têm a forma de Caboclos; os Orixás, Guias e Protetores são suaves em suas apresentações ou incorporações. Jogam seus fluídos pelas pernas, com tremores e ligeiras flexões das mesmas(nesta altura daremos um alerta aos irmãos de todos os graus que forem aparelhos em função de chefia:é de proporção assustadora que se observa na maioria dos aparelhos que diz incorporar caboclos, principalmente de Oxossi , um vício ou uma propensão oriunda do subconsciente, fortemente influenciado por “conhecimentos externos”, em simularem um aleijão da perna, geralmente a esquerda, como se todos os espíritos, na forma de caboclos, fossem ou tivessem sido defeituosos da dita perna. Um Orixá de luz, um Guia evoluído, não conserva em sua forma astral, essa mazela, que deixou através do resgate purificador dos erros que geraram aquela encarnação, que ficou apenas como experiência de uma fase escura de seu passado…talvez que, um ou outro, no grau de Protetores, por necessidade de seu próprio KARMA, conserve essa conseqüência, mas daí generalizar o hábito, não passa de infantilidade, ou então, acham que devem conservar uma perna flexionada, conforme a tem a imagem de S. Sebastião, supondo que todos os caboclos são seus enviados e obrigados a manter a mesma postura…)
Assim, como vínhamos dizendo, essas entidades fluem suavemente pela cabeça até a posse total ou parcial.
Falam de maneira serena e seus passes são calmos, assim como seus conselhos e trabalhos.
Suas preces cantadas traduzem beleza nas imagens e na música: são invocações, geralmente tristes, as forças da Espiritualidade e da Natureza.
Os pontos riscados são de sinais elegantes, pela Flecha, Chave e Raiz.


LINHA OU VIBRAÇÃO DE YORIMÁ – Essas entidades são verdadeiros magos, senhores da experiência e do conhecimento em toda espécie de magia. São os Orixás-Velhos da Lei de Umbanda – São donos dos mistérios da “Pemba” nos sinais riscados, da natureza e da Alma Humana.
Têm a forma de pretos-velhos e se apresentando humildemente, falando um pouco embrulhado, mas, sendo necessário, usam a linguagem correta do aparelho(médium) ou do consulente.
Geralmente gostam de trabalhar e consultar sentados, fumando cachimbo, sempre numa ação de fixação e eliminação, através de sua fumaça.
Falam compassados e pensando bem no que dizem. Raríssimamente assumem chefia de cabeça, mas invariavelmente são os auxiliares dos outros Guias, ou seja, o “braço-direito”.
Seus fluídos são fortes , porque fazem questão de “pegar bem” o aparelho(médium). Começam suas vibrações fluídicas de chegada, sacudindo com certa violência a cabeça.

Cansam muito o corpo físico, pela parte dos rins e membros inferiores, com a posse do aparelho, conservando-o sempre curvado. Seus fluídos de presença vem como uma espécie de choque nervoso sobre a matéria e emitem um resmungado da garganta aos lábios, quando se consideram firmes na incorporação.
Os pontos cantados são os mais tristes entre todos e revela um ritmo compassado, dolente, melancólico; traduzem verdadeiras preces de humildade.
Os pontos riscados obedecem a uma série de sinais entrelaçados, as vezes reto, outros em ângulo. Temos encontrados neles, semelhantes a certas letras dos alfabetos primitivos ou templários e dão logo os três sinais riscados expressivos da Flecha, Chave e Raiz.


Outrossim: nas “formas” de pretos e pretas-velhas, existem os que se apresentam, por afinidade, como um angola, um cambinda, um congo,etc, e costumam até conservar em sua “forma astral”, certa reprodução de características que identificavam chefia, função,etc, entre os povos da raça negra, muito comum entre os que são qualificados como Protetores.
Estas afinidades também são semelhantes nos espíritos que têm a forma de caboclos, comum aos que possuem ainda o evolutivo de protetores.
Quanto a “forma” ser nova ou velha, não altera a essência da coisa, pois no fundo, é o mesmo.
Essas são, em síntese, a “mironga” das Três Formas em suas apresentações na UMBANDA. Somente os SETE ORIXÁS principais de cada linha são não incorporantes… porém, já o dissemos algumas vezes, excepcionalmente, conferem suas vibrações diretas sobre UM ou no máximo SETE aparelhos(médiuns), quando, dos espaços siderais, eles observam a Lei sendo chafurdada e confundida na idolatria, como o está sendo nos tempos presentes…

Certa maioria continua “reverenciando” estátuas a granel, de bruxos e bruxas e de supostas representações de EXU com serpentes, ferrão, cornos, capas pretas ou vermelhas do suposto DIABO da MITOLOGIA…
Tudo isso, em crescendo assustador e deprimente, pois que, já são existentes em dezenas e dezenas de “terreiros”, sendo cultuados com “comes e bebes…”
E é então que essas vibrações diretas se fazem ouvir através das vozes dos pequeninos que se tornam grandes, quando se trata de recompor as VERDADES PERDIDAS que refletem a própria LEI do VERBO.


Obs: Este Capítulo, pertence a Portentosa obra UMBANDA de TODOS NÓS, terceira Edição de 1969, escrita pelo Grande Mestre e profundo conhecedor dos MISTÉRIOS de UMBANDA, W.W. da MATTA e SILVA.
Vejam, caros irmãos, a quantos anos foi escrita esta obra que continua atualizadissíma. Nós não poderíamos nos furtar de colocar este capítulo, para discernimento e estudo de nossos irmãos, que tanto anseiam por conhecimento e luz, esperando ter contribuído um pouco , levando estes conhecimentos a todos os irmãos.
Agradecemos a leitura destas páginas e esperamos que muitos possam tirar proveito, pedindo a OXALÁ, que ilumine todos os nossos passos, derramando sobre nós a sua Luz Divina.


Caboclos

São geralmente espíritos de civilizações primitivas, tais como índios: Íncas, Maias, Astecas e afins. Foram espíritos de terras recém formadas e descobertas, eles formaram sociedades (tribos e aldeias), com perfeita organização estrutural, tudo era fabricados por eles, desde o cultivo de alimentos até a moradia.
Como foram primitivos conhecem bem tudo que vem da terra, assim caboclos são os melhores guias para ensinar a importância das ervas e dos alimentos vindos da terra, além de sua utilização.
Assim como os Preto-velhos, possuem grande elevação espiritual, e trabalham “incorporados” a seus médiuns na Umbanda, dando passes e consultas, em busca de sua elevação espiritual.
São subordinados aos Orixás, o que lhes concede uma força mestra na sua personalidade e forma de trabalho, igual aos Preto-velhos.
Quando falamos na personalidade de um caboclo ou de qualquer outro guia, estamos nos referindo a sua forma de trabalho.
Costumam usar durante as giras, penachos e fumam charutos. Falam de forma rústica lembrando sua forma primitiva de ser, dessa forma mostram através de suas danças muita beleza, própria dessa linha.
Seus “brados”, que fazem parte de uma linguagem comum entre eles, representam quase uma “senha” entre eles. Cumprimentos e despedidas são feitas usando esses sons.
Costumamos dizer que as diferenças entre eles estão nos lugares que eles dizem pertencer. Dando como origem ou habitat natural, assim podemos ter:
Caboclos da mata – Esses viveram mais próximos da civilização ou tiveram contato com elas.
Caboclos da mata virgem – Esses viveram mais interiorizado nas matas, sem nenhum contato com outros povos.
Assim vários caboclos se acoplam dentro dessa divisão.
Torna-se de grande importância conhecermos esses detalhes para compreendermos porque alguns falam mais explicados que outros. Mais ainda existe as particularidades de cada um, que permitem diferenciarmos um dos outros.
A primeira é a “especialidade” de cada um, são elas: curandeiros, rezadeiros, guerreiros, os que cultivavam a terra (agricultores), parteiras, entre outros.
A segunda é diferença criada pela “força da natureza” que os rege. É o Orixá para quem eles trabalham.

Para nós da Umbanda, é importantíssimo saber que a “personalidade” de um caboclo se dá pela junção de sua “origem”, “especialidade” e “força da natureza” que o rege.
E é nessa “personalidade” que centramos nossos estudos. Assim como os Preto-velhos, eles podem dar passe, consulta e correntes de energização ou participarem de descarrego, contudo sua prática da caridade se dá principalmente com a manipulação.
Quando falamos em manipulação, estamos nos referindo desde preparo de remédios feitos com ervas, emplastos, compressas e banhos em geral até manipulação física, como por rezar “espinhela caída”.

Esses guias por conhecerem bem a terra, acreditam muito no valor terapêutico das ervas e de tudo que vem da terra, por isso as usam mais que qualquer outro guia.
Desenvolveram com isso um conhecimento químico muito grande para fazer remédios naturais.
Como são espíritos da mata propriamente dita, todos recebem forte influência de Oxossi, no sentido apenas do conhecimento químico das ervas, independente do Orixá que trabalhe.
São espíritos que também trabalham muito com passe. Acreditamos ser pela facilidade de locomoção, já que normalmente trabalham em pé.
São também bastante necessários na hora de um descarrego, pois conseguem acoplar no médium em qualquer posição.
Formas incorporativas e especialidade de caboclos:

CABOCLOS DE OXUM

Geralmente são suaves e costumam rodar, a incorporação acontece primeiro ou quase simultâneo no coração (interno).
Trabalham mais para ajuda de doenças psíquicas, como: depressão, desanimo entre outras. Dão bastante passe tanto de dispersão quanto de energização.
Aconselham muito, tendem a dar consultas que façam pensar; Seus passes quase sempre são de alívio emocional.

CABOCLOS DE OGUM

Sua incorporação é mais rápida e mais compactada ao chão, não rodam. Consultas diretas, geralmente gostam de trabalhos de ajuda profissional. Seus passes são na maioria das vezes para doar força física, para dar ânimo.

CABOCLOS DE YEMANJÁ

Incorporam de forma suave, porém mais rápidos do que os de Oxum, rodam muito, chegando a deixar o médium tonto.
Trabalham geralmente para desmanchar trabalhos, com passes, limpeza espiritual, conduzindo essa energia para o mar.

CABOCLOS DE XANGÔ

São guias de incorporações rápidas e contidas, geralmente arriando o médium no chão.
Trabalham para : emprego; causas na justiça; imóvel e realização profissional.
Dão também muito passe de dispersão. São diretos para falar.

CABOCLOS DE NANÃ

Assim como os Preto-velhos são mais raros, mas geralmente trabalham aconselhando, mostrando o carma e como ter resignação.
Dão passes onde levam eguns que estão próximos.
Sua incorporação igualmente é contida, pouco dançam.

CABOCLOS DE INHASÃ

São rápidos e deslocam muito o médium.
São diretos para falar e rápidos também, muitas das vezes pegam a pessoa de surpresa.
Geralmente trabalham para empregos e assuntos de prosperidade, pois Inhasã tem grande ligação com Xangô. No entanto sua maior função é o passe de dispersão (descarrego).
Podem ainda trabalhar para várias finalidades, dependendo da necessidade.

CABOCLOS DE OXALÁ

Quase não trabalham dando consultas, geralmente dão passe de energização.
São “compactados” para incorporar e se mantém localizado em um ponto do terreiro sem deslocar-se muito.

CABOCLOS DE OXÓSSI

São os que mais se locomovem, são rápidos e dançam muito.
Trabalham com banhos e defumadores, não possuem trabalhos definidos, podem trabalhar para diversas finalidades.
Esses caboclos geralmente são chefes de linha.

CABOCLOS DE OBALUAÊ

São raros, pois são espíritos dos antigos “bruxos” das tribos indígenas. São perigosos, por isso só filhos de Omulú de primeira coroa possuem esses caboclos.
Sua incorporação parece um Preto-velho, locomovem-se apoiados em cajados. Movimentam-se pouco.
Fazem trabalhos de magia, para vários fins.

Sobre Os Pretos Velhos
Quando se fala em preto-velho, estamos falando de uma grande linha, ou seja, uma grande faixa vibratória onde espíritos afins se “encaixam” para cumprirem sua missão.
Esses espíritos foram ex-escravos e negros africanos que não chegaram a ser escravos. Constam também dessa linha espíritos que não foram escravos nem negros africanos, mais que por afinidade escolheram a Umbanda para cumprirem sua missão.
O termo “Velho”, “Vovô” e “Vovó” é para sinalizar sua experiência, pois quando pensamos em alguém mais velho, como um vovô ou uma vovó subentendemos que essa pessoa já tenha vivido muito mais tempo. Adquirindo assim mais coisas para contar e passar, principalmente essa mesma pessoa já viveu o suficiente para ter aprendido a ter paciência, compreensão, menos ansiedade para a vida. É baseado nesses fatores que as pessoas mais velhas aconselham.

No mundo espiritual é bastante semelhante. A grande característica dessa linha é o conselho. É devido a esse fator que carinhosamente dissemos que são os “Psicólogos da Umbanda”.
Suas vestimentas e apetrechos são bem simples, não necessitam de muitos artifícios para trabalhar, necessitam apenas contar com a atenção e a concentração do seu médium durante a consulta. Usam cachimbo, lenços, toalhas e as vezes fumo de rolo e cigarro de palha.
Sua forma de incorporação é compacta, sem dançar ou pular muito. A vibração começa com um “peso” nas costas e uma inclinação de tronco para frente, e os pés fixados no chão. Se locomovem apenas quando incorporam para as saudações necessárias (atabaque, gongá e Babá) e depois sentam e praticam sua caridade. Podemos encontrar alguns que se mantém em pé.
É possível ver Preto-Velhos dançando, mais esse dançando é sutíl, apenas com movimentos dos ombros ou quando sentados, com as pernas.
Essa simplicidade se expande, tanto na sua maneira de ser e de falar. Usam vocabulário simples, sem palavras rebuscadas. Sua maneira carregada de falar é para dar idéia de antiguidade.
Além disso os Preto-Velhos nos ajudam a enxergar que a prática da caridade, é vital para nossa evolução espiritual.

A linha é um todo, com suas características gerais, ditas acima, mais como cada médium possui uma coroa diferente, isso determina as diferenças entre os Preto-Velhos.
Essas diferenças ocorrem porque Preto-velhos são trabalhadores de orixás e trazem para sua forma de trabalho a essência daquela força da natureza para quem eles trabalham.
Essas diferenças são primeiramente evidenciadas na maneira de incorporação.
Não é só na forma física que devemos observar as diferenças, mais também a maneira de trabalhar e a especialidade dele.
Para exemplificar, separaremos abaixo por Orixás:

PRETOS-VELHOS DE OGUM

São mais rápidos na sua forma incorporativa e sem muita paciência com o médium e as vezes com outras pessoas que estão cambonando e até consulentes.
São diretos na sua maneira de falar, não enfeitam muito suas mensagens, as vezes parece que estão brigando, para dar mesmo o efeito de “choque”, mais são no fundo extremamente bondosos tanto para com seu médium e para as outras pessoas.
São especialistas em consultas encorajadoras, ou seja, mera dose de coragem e segurança para aqueles indecisos e “medrosos”. É fácil pensar nessa característica pois Ogum é um Orixá considerado corajoso.


PRETOS-VELHOS DE OXUM

São mais lentos na forma de incorporar e até falar. Passam para o médium uma serenidade inconfundível.
Não são tão diretos para falar, enfeitam o máximo a conversa para que uma verdade dolorosa possa ser escutada de forma mais amena, pois a finalidade não é “chocar” e sim, fazer com que a pessoa reflita sobre o assunto que está sendo falado.
São especialistas em reflexão, nunca se sai de uma consulta de um Preto-velho de Oxum sem um minuto que seja de pensamento interior. As vezes é comum sair até mais confuso do que quando entrou, mais é necessário para a evolução daquela pessoa.

PRETOS-VELHOS DE XANGÔ

São raros de ver, contudo devemos também conhece-los.
Sua incorporação é rápida como as de Ogum.
Assim como os caboclos de Xangô, trabalham para causas de prosperidade sólida, bens como casa própria, processo na justiça e realizações profissionais.
Passam seriedade em cada palavra dita. Cobram bastante de seus médiuns e consulentes.

PRETOS-VELHOS DE INHASÃ

São rápidos na sua forma de incorporar e falar. Assim como os de Ogum, não possuem também muita paciência para com as pessoas.
Essa rapidez é facilmente entendida, pela força da natureza que os rege, e é essa mesma força lhes permite uma grande variedade de assuntos com os quais ele trata, devido a diversidade que existe dentro desse único Orixá.
Esses Pretos-velhos retribuem ao médium principalmente a defesa, são rápidos na ajuda. Se cobram a honestidade do seu médium no momento da consulta, não admitem que desconfiem dele (médium).
Mesmo assim eles também possuem uma especialidade.
Geralmente suas consultas são de impacto, trazendo mudança rápida de pensamento para a pessoa. São especialistas também em ensinar diretrizes para alcançar objetivos, seja pessoal, profissional ou até espiritual.
Entretanto, é bom lembrar que sua maior função é o descarrego. É limpar o ambiente, o consulente e demais médiuns do terreiro, de eguns ou espíritos de parentes e amigos que já se foram, e que ainda não se conformaram com a partida permanecendo muito próximos dessas pessoas.

PRETOS-VELHOS DE OXOSSI

São os mais brincalhões, suas incorporações são alegres e um pouco rápidas.
Esses Preto-velhos geralmente falam com várias pessoas ao mesmo tempo.
Possuem uma especialidade: A de receitar remédios naturais, para o corpo e a alma, assim como emplastos, banhos e compressas, defumadores, chás, etc… São verdadeiros químicos em seus tocos. – Afinal não podiam ser diferentes, pois são alunos do maior “químico” – Oxossi.

PRETOS-VELHOS DE NANÃ

São raros, assim como os filhos desse Orixá.
Sua maneira de incorporação é de forma mais envelhecida ainda. Lenta e muito pesada. Enfatizando ainda mais a idade avançada.
Falam rígido, com seriedade profunda. Não brincam nas suas consultas e prezam sempre o respeito, tanto do médium quanto do consulente, e pessoas a volta como: cambonos e pessoas do terreiro em geral e principalmente do pai ou da mãe de santo.
Cobram muito do seu médium, não admitem roupas curtas ou transparentes, mesmo para médiuns homens. Seu julgamento é severo. Não admite injustiça com seu médium.
Costumam se afastar dos médiuns que consideram de “moral fraca”. Mais prezam demais a gratidão, de uma forma geral. Podem optar por ficar numa casa, se seu médium quiser sair, se julgar que a casa é boa, digna e honrada.
É difícil a relação com esses guias, principalmente quanto há discordância, ou seja, não são muito abertos a negociação no momento da consulta.
São especialistas em conselhos que formem moral, e entendimento do nosso carma, pois isso sem dúvida é a sua função.
Atuam também como os de Inhasã e Omulú, conduzindo Eguns.


PRETO-VELHOS DE OBALUAÊ

São simples em sua forma de incorporar e falar. Exigem muito de seus médiuns, tanto na postura quanto na moral.
Defendem quem é certo ou quem está certo, independente de quem seja, mesmo que para isso ganhem a antipatia dos outros.
Agarram-se a seus “filhos” com total dedicação e carinho, não deixando no entanto de cobrar e corrigir também. Pois entendem que a correção é uma forma de amar.
Devido a elevação e a antiguidade do Orixá para o qual eles trabalham, acabam transformando suas consultas em conselhos totalmente diferenciados dos demais Preto-velhos. Ou seja, se adaptam a qualquer assunto e falam deles exatamente com a precisão do momento.
Como trabalha para Obaluaê, e este é o “dono das almas”, esses Preto-velhos são geralmente chefes de linha e assim explica-se a facilidade para trabalhar para vários assuntos.
Sua “visão” é de longo alcance para diversos assuntos, tornando-os capazes de traçar projetos distantes e longos para seus consulentes. Tanto pessoal como profissional e até espiritual.
Assim exigem também fiel cumprimento de suas normas, para que seus projetos não saiam errado, para tanto, os filhos que os seguem, devem fazer passo a passo de tudo que lhe for pedido, apenas confiando nesses Preto-velhos. Quando o filho não faz isso, costumam tirar o que já lhe deu, para que o mesmo repense a importância desse Preto-velho em sua vida.
Gostam de contar histórias para enriquecer de conhecimento o médium e as pessoas a volta.
Não trabalham para saúde (essa função é do Erê de Obaluaê). Salvo se essa doença for proveniente de “trabalhos feitos – macumba”.


PRETO-VELHOS DE YEMANJÁ

São belos em suas incorporações, contudo mantendo uma enorme simplicidade. Sua fala é doce e meiga.
Possuem a paciência das mães e a compreensão também. Cobram pouco de seus médiuns, apenas que eles cumpram a caridade sempre por amor nunca por obrigação.
Sua especialidade maior é sem dúvida os conselhos sobre laços espirituais e familiares.
Gostam também de trabalhar para fertilidade de um modo geral, e especialmente para as pessoas que desejam engravidar.
Utilizando o movimento das ondas do mar, são excelentes para descarregos e passes.
Cobram dos seus médiuns que lutem para ter um casamento feliz e sólido, pois para eles só assim poderão ajudar a outras pessoas nesse sentido, já que seu médium já vive essa realidade.

PRETO-VELHOS DE OXALÁ

São bastante lentos na forma de incorporare tornam-se belos principalmente pela simplicidade contida em seus gestos.
Raramente dão consulta, sua maior especialidade é o passe de energização.
Cobram também bastante de seus médiuns, principalmente no que diz respeito a prática de caridade, assiduidade no terreiro e vaidade.

Sobre Os Boiadeiros

São espíritos de vaqueiros, posseiros, capatazes, cangaceiros e espíritos afins.
Sabem que a prática da caridade os levará a evolução, trabalham incorporados na Umbanda, Quimbanda e Candomblé.
Fazem parte da linha de caboclos, mais na verdade são bem diferentes em suas funções.
Formam uma linha mais recente de espíritos, pois já viveram mais com a modernidade do que os caboclos, que foram povos primitivos. Esses espíritos já conviveram em sua ultima encarnação com a invenção da roda, do ferro, das armas de fogo e com a prática da magia na terra.
Saber que boiadeiros conheceram e utilizaram essas invenções nos ajuda muito para diferenciarmos dos caboclos.
São rudes nas suas incorporações, com gestos velozes e pouco harmoniosos.
Sua maior finalidade não é a consulta como os Preto-velhos, nem os passes e muito menos as receitas de remédios como os caboclos, e sim o “dispersar de energia” aderida a corpos, paredes e objetos.
É de extrema importância essa função pois enquanto os outros guias podem se preocupar com o teor das consultas e dos passes, existe essa linha “sempre” atenta a qualquer alteração de energia local (entrada de espíritos).
Quando bradam alto e rápido, com tom de ordem, estão na verdade ordenando a espíritos que entraram no local a se retirar, assim “limpam” o ambiente para que a prática da caridade continue sem alterações, já que a presença desses espíritos muitas vezes interferem nas consultas de médiuns conscientes.
Esses espíritos atendem a boiadeiros pela demonstração de coragem que os mesmos lhes passam e são levados por eles para locais próprios de doutrina.
Outra grande função de um boiadeiro é manter a disciplina das pessoas dentro de um terreiro, sejam elas médiuns da casa ou consulentes.

Costumam proteger demais seus médiuns nas situações perigosas. São verdadeiros conselheiros e castigam quem prejudica um médium que ele goste. “Gostar” para um boiadeiro, é ver no seu médium coragem, lealdade e honestidade, aí sim é considerado por ele “filho”. Pois ser filho de boiadeiro não é só tê-lo na coroa.

Trabalham também para Orixás, mais mesmo assim, não mudam sua finalidade de trabalho e são muito parecidos na sua forma de incorporar e falar, ou seja, a energia emanada pelo Orixá para quem trabalha é apenas um critério interno e obrigatório dentro do próprio “Ori” – pois na verdade todos são braços de Omulú.

Exemplificando essa idéia: Um boiadeiro que trabalhe para Ogum é praticamente igual a um que trabalhe para Oxossi, apenas cumprem ordens de Orixás diferentes, não absorvendo no entanto as características deles.

Dentro dessa linha a diversidade encontram-se na idade dos boiadeiros. Existem boiadeiros mais velhos, outros mais novos, e costumam dizer que pertencem a locais diferentes, como regiões por exemplo: Nordeste, Sul, Centro-Oeste, etc…

http://povodosanto.wordpress.com/umbanda/2338/

As Falanges de Trabalho na Umbanda


Na Umbanda nós não incorporamos Orixás e sim os falangeiros dos Orixás que são entidades evoluídas espiritualmente que vêem trabalhar nas giras de Umbanda.
Falanges: são agrupamentos de espíritos afins que possuem a mesma vibração.
São elas: pretos velhos, caboclos, exus, crianças, boiadeiros, ciganos, orientais e mestres que trabalham na cura.

OS CABOCLOS

São entidades, espíritos de índios brasileiros e Sul Americanos, que trabalham na caridade como verdadeiros conselheiros, nos ensinando a amar ao próximo e a natureza, são entidades que tem como missão principal o ensinamento da espiritualidade e o encorajamento da fé, pois é através da fé que tudo se consegue.

Usam em seus trabalhos ervas que são passadas para banhos de limpeza e chás para a parte física, ajudam na vida material com trabalhos de magia positiva, que limpam a nossa áura e proporcionam uma energia de força que irá nos auxiliar para que consigamos o objetivo que desejamos, não existe trabalhos de magia que possam lhe dar empregos e favores, isso não é verdade, o trabalho que eles desenvolvem é o de encorajar o nosso espírito e prepara-lo para que nós consigamos o nosso objetivo.

A magia praticada pêlos espíritos de caboclos e pretos velhos é sempre positiva, não existe na Umbanda trabalho de magia negativa, ao contrário, a Umbanda trabalha para desfazer a magia negativa. Eu sei que infelizmente, existem vários terreiros que praticam esta magia inferior, mas estes são os magos negros, que para disfarçar o seu verdadeiro propósito, se escondem em terreiros ditos de Umbanda para que possam atrair as pessoas e desenvolver as suas práticas negativas, com promessas falsas que sabemos nunca são atendidas.

Mais graças a Oxalá, esses terreiros estão acabando, pois, o povo esta tendo um maior conhecimento e buscando a verdade e é através desse caminho, de busca da verdade, que esse templo de Umbanda pretende ensinar a todos, o verdadeiro caminho da fé.
Os caboclos de Umbanda são entidades simples e através da sua simplicidade passam credibilidade e confiança a todos que os procuram, seus pontos riscados, grafia sagrada dos Orixás, traduzem a mais forte magia que existe atualmente, é através desses pontos que são feitas limpezas e evocações de elementais e Orixás para diversos fins, mais a frente falaremos um pouco mais sobre os pontos riscados de Umbanda.

Nos seus trabalhos de magia costumam usar pembas, ( giz de várias cores imantados na energia de cada Orixá), velas, geralmente de cêra, essências, flores, ervas, frutas, charutos e incenso. Todo esse material será disposto encima de uma mandala ou ponto riscado, para que esse direcione o trabalho.
Quando fazemos um trabalho para uma entidade de Umbanda e colocamos algum prato de comida, como pôr exemplo espigas de milho cozidas com mel, esta comida não é para o Caboclo comer, espíritos não precisam de comida, o alimento que esta ali depositado, serve como alimento espiritual, isto é, a energia que emana daquela comida e transmutada e utilizada para o trabalho de magia a favor do consulente, da mesma forma o charuto que a entidade esta fumando é usado para limpeza, do consulente através da fumaça e das orações que estas entidades fazem no momento da limpeza, são os chamados passes de Umbanda.

Muitas vezes a Umbanda é criticada e chamada de baixo espiritismo, pois seus guias fumam e bebem, mais estas críticas se devem a uma falta de conhecimento da magia ritual que a Umbanda pratica, desde o início, com tanta maestria e poder, e sempre o fará para o bem de todos.


OS PRETOS VELHOS

São espíritos de velhos africanos que foram trazidos para o Brasil como escravos e que trabalham na Umbanda como símbolos da fé e da humildade. Seus trabalhos são de ajuda aqueles que estão em dificuldade material ou emocional, sendo que, o seu trabalho se desenvolve mas para o lado emocional e físico, das pessoas que os procuram, sendo chamados, carinhosamente de psicólogos dos aflitos.

Sua paciência em escutar os problemas e aflições dos consulentes, fazem deles as entidades mais procuradas na Umbanda, são chamados de Vovôs e Vovós da Umbanda.
Também usam ervas em seus trabalhos de magia e principalmente para rezar pessoas doentes e crianças que estão com mal olhado, suas rezas são conhecidas como poderosas, usam também de patuás, saquinhos que são depositados elementos de magia e que os consulentes usam no corpo para proteção.

Da mesma forma que os Caboclos, os Pretos Velhos usam cachimbos para limpeza espiritual, jogando sua fumaça sobre a pessoa que esta recebendo o passe e limpando a aura de larvas astrais e energias negativas.


OS BOIADEIROS

São espíritos de pessoas, que em vida trabalharam com o gado, em fazendas pôr todo o Brasil, estas entidades trabalham da mesma forma que os Caboclos nas giras, sessões de incorporação na Umbanda.
Usam de canções antigas, que expressam o trabalho com o gado e a vida simples das fazendas, nos ensinando a força que o trabalho tem e passando, como ensinamento, que o principal elemento da sua magia é a força e a vontade de conquistar, fazendo assim que consigamos uma vida melhor e farta.
Nos seus trabalhos usam de velas, pontos riscados e rezas fortes para todos os fins.

AS CRIANÇAS

Estas entidades são a verdadeira expressão da alegria e da honestidade, dessa forma, apesar da aparência frágil, são verdadeiros magos e conseguem atingir o seu objetivo com uma força imensa, atuam em qualquer tipo de trabalho, mas, são mais procurados para os casos de família e gravidez.


OS EXUS

são entidades em evolução, seu trabalho é dirigido, principalmente a defesa dos seus médiuns e a defesa do terreiro, porém, são muito procurados para resolver os problemas da vida sentimental e material.
Costumam trabalhar com velas, charutos, cigarros, bebidas fortes, punhais em seus pontos riscados, pembas brancas, pretas e vermelhas . Devido ao seu temperamento forte e alegre costumam atrair bastante os consulentes , principalmente pôr que quando falam que vão ajudar certamente o farão.

Os Exús nas sete linhas de Umbanda:

Linha de Ogum: Exu Tranca Ruas das Almas, Exu tranca Ruas de Embaré, Exu Tranca Ruas das Sete Encruzilhadas, Exu Veludo, Exu Sete Encruzilhadas, Exu sete Facas, Exu da Mangueira e outros.
Linha de Oxossi: Exu Marabô, Exu Tronqueira, Exu Mangueira e outros.
Linha de Xangô : Exu Marabô Toquinho, Exu Labareda, Exu do Lodo, Exu Pedra Negra e outros.
Linha de Yorimá : Exu Caveira, Exu Tata Caveira, Exu 7 covas, Exu Bananeira, Exu Mulambo, Exu 7 porteira e outros.

Linha de Oxalá : Exu Tiriri, Exu Veludinho, Exu Gira Mundo, Exu Sete Encruzilhadas e outros.

Linha de Yemanja : Todas as Pombagiras.

Linha de Yori : Todos os Exus mirins.

Para um melhor entendimento passarei agora as sete linhas de trabalho da Umbanda:

Linha de Oxalá:

Esta linha é regida pôr Jesus Cristo e representa o princípio da criação, a luz divina que coordena todas as outras. Os guias principais desta linha são : Caboclo Urubatão de Guia, Caboclo Ubirajara, Caboclo Aymoré, Caboclo Guaracy, Caboclo Guarany e Caboclo Tupy. Estes guias são os chefes de falanges, mais existem os demais guias que pertencem a esta linha e trabalham na caridade, são eles: Caboclo Pena Branca, Caboclo Águia Branca, Caboclo Tupã, Caboclo Rompe Nuvem, Caboclo Tamoio, Caboclo Gira Sol e outros. O astro que rege esta linha é o Sol e tem como guardião o anjo Gabriel.

Linha de Yemanja:

Esta linha é regida pôr Nossa Senhora da Glória como principal mais tem também Nossa Senhora da Conceição, que é sincretizada com Oxúm, representa a Divina Mãe, a energia feminina e da natureza da água, a gestação e a fecundação. Os guias principais desta linha são : Cabocla Yara, Cabocla indayá, Cabocla Estrela do mar, Cabocla Nanã, Cabocla Sereia do Mar, Cabocla Oxúm, Cabocla Iansã. Outros guias que trabalham nesta linha são: Cabocla Jandira, Cabocla Iracema, Cabocla Jupira, Cabocla Jacira, Cabocla da Praia, Cabocla Juçanã, Cabocla Sete Ondas, Cabocla Estrela Dalva e outras.
O astro que rege esta linha é a Lua e tem como guardião o anjo Rafael.


Linha de Xangô :

Esta linha é regida pôr São Jerônimo como principal, mais, São João Batista, São Pedro e São Paulo, também regem esta linha como sincretismo de Xangô Kaô e Agodô ou Aganjú. Representa a Justiça Divina, a lei Kármica, é o dirigente das almas, o senhor da balança Universal que afere o nosso estado espiritual. Os guias principais desta linha são : Xangô Kaô, Caboclo Sete Montanhas, Caboclo Sete Pedreiras, Xangô da Pedra Preta, Xangô da Pedra Branca, Caboclo Sete Cachoeiras e Xangô Agodô. Outros guias que trabalham nesta linha são: Caboclo Cachoeira, Caboclo Junco Verde, Caboclo Gira Mundo, Caboclo Cachoeirinha, Caboclo Sumaré, Caboclo Rompe Montanha, Caboclo Ventania, Caboclo Rompe Serra e outros. O astro que rege esta linha é Júpiter e tem como guardião o anjo Miguel.


Linha de Ogum:

Esta linha é regida pôr São Jorge representa o fogo da Salvação, a linha das demandas da fé, das aflições, das lutas e batalhas. Os guias principais desta linha são : Ogum de Lei, Ogum Yara, Ogum Megê, Ogum Rompe Mato, Ogum de malê, Ogum Beira Mar, Ogum Matinada. Outras entidades conhecidas que trabalham nesta linha são: Ogum Sete Espadas, Ogum Sete Lanças, Ogum Sete Escudos, Caboclo Timbiri, Caboclo Tira Teima, Caboclo Humaitá, Caboclo Rompe Mato, Caboclo Araguarí e outros.
O astro que rege esta linha é Marte e tem como guardião o anjo Samuel. Nesta linha também trabalham os Exus de Umbanda.



Linha de Oxossi:

Esta linha é regida pôr São Sebastião, representa o Caçador das Almas, o mestre que ensina a doutrina e pratica a catequese dos filhos que o procuram. Os guias principais desta linha são : Caboclo Arranca Toco, Cabocla Jurema, Caboclo Araribóia, Caboclo Guiné, Caboclo Arruda, Caboclo Pena Branca e Caboclo Cobra Coral. Outras entidades que trabalham nesta linha são : Caboclo Pena Azul, Caboclo Pena Verde, Caboclo Pena Dourada, Caboclo Tupinanbá, Caboclo Tabajara, Caboclo Sete Flechas, Caboclo Tupiára, Caboclo Tupiaçú, Caboclo Mata Virgem, Caboclo Rei da Mata, Caboclo Pery, Caboclo Rompe Folha, Caboclo Paraguassu, Caboclo Arerê, Caboclo Coqueiro, Caboclo Sete Palmeiras, Caboclo Juremá, Caboclo Folha Verde e outros. O astro que corresponde a esta linha é Vênus e o guardião é o anjo Ismael.


Linha de Yori:

Esta linha é regida pôr São Cosme e São Damião, é a linha da Ibejada que são as crianças, representa a alegria, a luz da espiritualidade, a ingenuidade e lealdade infantil. Os guias principais desta linha são: Tupanzinho, Ori, Yariri, Doum, Yari, Damião e Cosme. Outros guias que trabalham neta linha são : Crispim, Crispiniano, Mariazinha, Zequinha, Chiquinho, Luizinho, Joãozinho, Paulinho, Luizinha, Ana Maria, Joaninha e outros. O astro que corresponde a esta linha é Mercúrio, e o guardião é o anjo Yoriel.


Linha de Yorimá:

Esta linha é regida por São Lázaro e São Roque respectivamente sincretizados com Obaluaê e Omolú, é a linha dos pretos velho ou linha das almas, representa a palavra da lei, a linha das magias. É composta pêlos espíritos que tem a missão de combater o mal e todas as suas manifestações. São os Senhores da Magia. Os guias principais desta linha são : Pai Guiné, Pai Tomé, Pai Arruda, Pai Congo de Aruanda, Maria Conga, Pai Benedito e Pai Joaquim. Outras entidades que trabalham nesta linha são : Pai João, Pai Jacob, Vovó Ana, Vovó Cambinda, Pai Cipriano, Pai Simplício, Tia Chica, Pai Chico, Pai Miguel, Vovó Catarina, Pai Congo do Mar, Pai Mané, Pai Antônio, Pai Congo, Pai Moçambique, Pai Zé, Pai Fabrício, Pai Jovino, Pai Tomás, Vovó Luiza e outros. O astro que corresponde a esta linha é Saturno e o guardião é o anjo Iramael.


Estas são as Sete Linhas de Umbanda e seus guias principais, existem outros guias que não foram citados, mais não dá para falar todos os nomes das entidades que trabalham nas giras da nossa querida Umbanda.

http://povodosanto.wordpress.com/umbanda/2338/

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Passe na Umbanda


Queridos amigos, vamos falar um pouco sobre PASSES DA UMBANDA,como é conhecido por todos, sabemos porem que um passe dado por uma entidade é muita mais do que aqui exposto, também sabemos que cada entidade tem sua maneira de efetuar seu passe, imaginamos que os passes sempre estão alinhados de alguma forma parecida quanto ao que vamos falar aqui;

Os passes são a movimentação das Vibrações Cósmicas, que circundam à tudo e à todos no Universo. Subdividem-se em 7 (sete) tipos primordiais:

1 e 2 – DESCENDENTES FRONTAIS e CRUZADOS POSTERIORES
O Passe Descendente Frontal, destina-se a eliminar o reflexo negativo dos plexos materiais, o que faz baixar qualquer incidência na doença física. Por ser o chakra na parte posterior (costas), esse tipo de passe deve ser aplicado por Entidade incorporada ou por médium passista assistido por uma, sendo acompanhado por um passe Cruzado posterior cruzando-se da esquerda para a direita, de cima para baixo, a partir do Chakra Cervical.

3 e 4 – DESCENDENTE POSTERIOR e CRUZADO FRONTAL
O Passe Descendente Posterior destina-se a eliminar a corrente espiritual negativa, o que faz baixar a incidência negativa espiritual espúria, eliminando interferências nocivas. Esse Passe deve ser aplicado por Entidade incorporada ou por médium passista assistido por uma, sendo acompanhado por um Passe Cruzado Frontal cruzando-se da esquerda para a direita na retirada dos miasmas fluídicos e a seguir, da direita para a esquerda, para reavivar a salutar influência do fluído animal, que fará equilibrar a força de vida.

5 e 6 – DIVERGENTES e CONVERGENTES (vide Nota 1)
Os Passe Divergentes e Convergentes são essencialmente Espirituais; destinam-se exclusivamente à doenças espirituais e suas conseqüências materiais. Devem ser sempre aplicados em conjunto, começando pelos divergentes, que destinam-se exclusivamente a diluir, dilacerar, espargir toda a cúpula magnética maléfica em torna dos Chakras principais (coronariâno e frontal), seguidos dos convergentes que irão atrair, convergir, agrupar e aglutinar, enfim enfocar sobre os ditos Chakras toda a Força Vibracional do Astral Superior.

7 – MAGNÉTICOS (vide Notas 2 e 3)
Os Passes Magnéticos servem tanto para doenças físicas e/ou espirituais. Podem ser aplicados por Entidade incorporada, mas a maior parte das vezes é aplicado por médium passista em vigília, que transmite reforço espiritual ou força vital material através de suas mãos voltadas em direção aos órgãos ou locais afetados, dos que necessitam se submeter à esse tipo de passe.
NOTAS-

1: estes dois passes só poderão ser aplicados por Entidade incorporada com Coroa,
e sem colocar as mãos do seu aparelho (médium), sobre a cabeça do Ser em trabalho de passe.

2: este tipo de passe é muito usado pelos participantes de Mesas Kardecistas, pela Igreja Messiânica com o nome de comunicação (Jorey), pela Perfect Liberty e também por rosacrucianos, cabalistas da Alta Esfera, além de todos os núcleos do Oriente.
Na Umbanda são também utilizados na parte espiritual, quer individualmente quer em Cúpula Magnética, onde são feitas transmissões diretas de forças espirituais positivas para o alento e reforço das forças exauridas, a quem são aplicados.

Axé a todos
Emidio de Ogum
http://espadadeogum.blogspot.com

terça-feira, 27 de julho de 2010

Doença Mental e Cura na Umbanda


José Guilherme Cantor Magnani
Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo







INTRODUÇÃO.
Dona Teresa estava louca. Além de há muito tempo não realizar mais as tarefas domésticas, quando tinha seus acessos assumia atitudes muito estranhas: no meio da noite saía seminua a provocar os homens em bares, fazia as necessidades fisiológicas por toda a casa, entrava em supermercados, onde enchia o carrinho de mercadorias e, na hora de pagar, atirava-os para o alto, aos gritos. Não conseguia mais dormir e perdera a memória: não reconhecia nem mesmo os próprios filhos.

Seus familiares tinham experimentado de tudo, sem sucesso. Internada em diversos hospitais psiquiátricos, onde fora submetida aos tratamentos habituais, apresentava ainda sinais e feridas causados pelas ataduras com que era sujeitada, cada vez que entrava em estado de agitação. Já sem esperança, marido e filhos resolveram, então, seguir a indicação de um conhecido e a levaram ao terreiro de umbanda "Tenda de Umbanda Caboclo Trovejeiro" da mãe-de-santo "madrinha" Lourdes, localizado em Pirituba, bairro de periferia na zona oeste da cidade de São Paulo.

Como este, são incontáveis os casos de pessoas que, por motivo de doença, conflitos familiares, questões afetivas, problemas econômicos e distúrbios psíquicos, recorrem aos cultos denominados afro-brasileiros - entre os quais se enquadra a Umbanda - em busca de alívio para as mazelas do corpo e aflições da alma. As dimensões deste fenômeno - para muitos, indicativo do grau de atraso, abandono e ignorância das camadas mais baixas da população - podem ser avaliadas pelo número de casas de culto: só no município de São Paulo, e contando apenas os devidamente registrados, existem atualmente cerca de 18.000 terreiros de umbanda, candomblé e centros espíritas.

A disseminação destas e outras formas de religiosidade popular tem levado alguns estudiosos a vinculá-la às condições de vida da população de baixa renda nos grandes centros urbanos. Sujeita a uma intensa rotatividade no mercado de trabalho, confinada a bairros de difícil acesso e carente dos recursos mais essenciais, essa população vê-se compelida a montar estratégias capazes de articular os escassos rendimentos com suas necessidades básicas, a fim de garantir a sobrevivência. Uma dessas estratégias seria fornecida pelo atendimento oferecido por diferentes cultos religiosos que constituem de certa forma uma alternativa à deficiente rede pública hospitalar.

Cabe assinalar, contudo, que não apenas pessoas oriundas dos estratos mais pobres freqüentam os centros umbandistas. A presença de membros das camadas médias, por exemplo - evidentemente com acesso aos serviços médicos convencionais - torna insuficiente a explicação do florescimento de tais cultos por fatores como a pobreza ou ignorância de seus freqüentadores. Certamente ligada à insegurança produzida pelas duras condições de vida, a resposta mágico-religiosa a problemas como desemprego, perturbações mentais, doenças físicas, dificuldades na relações interpessoais, etc., não se restringe à busca de solução para questões concretas e imediatas: quando se recorre às práticas religiosas, busca-se algo mais.

A religião, antes de mais nada, oferece um conjunto de certezas que constituem pontos de referência diante da imprevisibilidade da vida cotidiana. Se nem sempre evita o sofrimento, torna-o inteligível, dá-lhe um significado. Princípio integrador de acontecimentos que em sua incoerência se apresentam como insuportáveis, propicia a introdução de uma ordem no caos. E é aqui onde reside uma diferença fundamental entre a prática médica oficial e as práticas alternativas, particularmente as que se vinculam a sistemas religiosos como é o caso da Umbanda. Enquanto a primeira tende cada vez mais à especialização e tecnificação - separando, dividindo, classificando - estas últimas oferecem um princípio integrador.

Analisar a composição química das folhas, raízes e ervas empregadas em banhos e infusões; estudar o papel terapêutico da música e da dança; entender o fluxo energético contido nos passes e defumações - elementos utilizados pelas práticas curativas umbandistas - se de um lado podem trazer algum conhecimento sobre sua eficácia deixam, contudo, escapar o essencial: essa, com efeito, reside menos nas propriedades dos objetos e gestos mobilizados durante os rituais do que na referência a um sistema mais abrangente que, antes de mais nada, define o que é doença e fundamenta as práticas de cura. Pensar, pois, a questão da doença e da cura no interior do culto umbandista implica levar em consideração sua cosmologia, seu ritual, a prática de seus agentes.






Portanto, antes do relato do tratamento da dona Teresa, fazem-se necessárias alguma referências ainda que sumárias sobre os fundamentos da Umbanda.



UMBANDA: PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS
Não cabe, nos limites deste artigo, uma descrição pormenorizada da religião umbandista, principalmente porque isto implicaria expor e analisar os complexos laços que mantém com outras religiões e cultos que lhe serviram de matrizes, no passado, e com aqueles com que estabelece, no presente, relações de troca ou competição. Limitar-me-ei, por conseguinte, aos elementos que permitirão o entendimento do seu sistema de classificação das doenças e do próprio ritual mobilizado na cura de dona Teresa.
Tal como ocorre nos demais cultos de possessão que, em graus diferentes, estão em sua base, como o Candomblé e o Espiritismo, a pedra angular da Umbanda é a comunicação entre a esfera do sobrenatural e o mundo dos homens, através da incorporação das entidades espirituais num grupo e no corpo dos iniciados. Apresenta, contudo, algumas particularidades que a diferenciam daqueles cultos.

No Candomblé, por exemplo, as entidades - orixás - não são consideradas espíritos de mortos, mas reis, princesas e heróis divinizados que representam forças da natureza (Iansã, os ventos, a tempestade; Iemanjá, o mar; Ossãe, as folhas e plantas; Oxum, os rios e cascatas, etc.); atividades humanas (Oxossi, a caça; Ogum, a guerra e a metalurgia; Omulu, a medicina); virtudes e paixões (Xangô, a justiça, Oxum, o amor e o ciúme; Oxalá, a sabedoria), etc., cujas ações se desenrolaram num tempo mítico.






Na Umbanda, as entidades são considerados espíritos de mortos que descem do astral onde habitam para o planeta terra - visto como lugar de expiação - onde, através da ajuda dos mortais, ascendem em seu processo evolutivo em busca da perfeição. Tal concepção, tributária da doutrina do carma, apresenta, contudo, algumas diferenças com relação ao Espiritismo kardecista: enquanto para este último os espíritos que descem nas sessões são individualizados e reconhecidos pela história de suas vidas passadas, as entidades umbandistas constituem categorias mais genéricas, onde a referência à vida pessoal é substituída por representações como, por exemplo, caboclos e pretos-velhos.

Perdida a lembrança dos traços individualizadores, os espíritos de velhos escravos e índios assumem o papel de antepassados de etnias africanas e indígenas, sendo representadas por uma série de marcas correspondentes a uma visão que se generalizou através de tradições orais e da escrita: a figura altiva do índio, amante da liberdade, popularizada pela corrente indianista da literatura romântica; o aspecto humilde do preto-velho, sábio e compreensivo com as misérias humanas e o sofrimento, visão idealizada sobre velhos escravos e escravas conhecedores de segredos, remédios e também poderosas magias empregadas contra os senhores brancos.

Nos três casos citados - Candomblé, Espiritismo, Umbanda - o caráter do transe é diferente: no Candomblé, ele é regulado por um conjunto de mitos que contam as sagas dos deuses e que os iniciados repetem, através da coreografia, cânticos e roupas, representando assim, uma história muito antiga, mítica. No Espiritismo kardecista, os médiuns emprestam seu corpo, sua voz, sua matéria, enfim, para que mortos possam continuar comunicando-se com os parentes, amigos, discípulos.

Na Umbanda, o transe não é nem estritamente individual nem propriamente uma representação com a profundidade dos mitos, mas a atualização de fragmentos de uma história mais recente através de personagens tais como foram conservados na memória popular: o caboclo Tupinambá, ou o pai Joaquim de Angola, quando descem, não são a representação deste ou aquele indivíduo em particular, mas uma representação genérica e estereotipada de índios brasileiros, escravos africanos e outros personagens liminares (Turner, 1974) presentes em diferentes contextos históricos e sociais brasileiros.

As entidades umbandistas são, portanto, espíritos de mortos - ainda que não individualizados - para quem a missão de ajudar os homens é um meio de expiar faltas passadas de acordo com a doutrina do carma e assim progredir em busca da perfeição. Tem-se, assim, a crença na comunicação concreta e real entre o mundo dos vivos e dos mortos; estes o fazem em virtude da necessidade de evoluir espiritualmente, para o quê necessitam da materialidade do corpo físico dos iniciados.

As entidades dividem-se, basicamente, em espíritos de luz (ou da direita) e espíritos não evoluídos (ou da esquerda). Tanto uns como outros encontram-se em diferentes estágios de progresso espiritual: os mais atrasados na escala evolutiva, muito próximos ainda da matéria são os exus, cuja representação iconográfica os aproximaria da figura do diabo da tradição cristã. No panteão do candomblé, porém, Exu é considerado o orixá que estabelece mediação entre o mundo dos homens e o dos deuses: não evoca o mal, mas a ambigüidade, a passagem, a comunicação. Na Umbanda, o correspondente feminino de exu é a pomba-gira, que geralmente assume a forma estereotipada da prostituta.

Exus e pombas-gira são antes representações coletivas do que espíritos individuais; para se designar espíritos de mortos individualizados usa-se o termo eguns. Estes, antes de iniciar seu processo evolutivo - neste caso considera-se que permanecem vagando, podendo inclusive afetar as pessoas - são nomeados pelo termo quiumbas. Não provocam transe mas, como se verá, uma perturbação.

Os espíritos de luz, que trabalham na direita, quando baixam no terreiro e se apossam do corpo dos médiuns, assumem posturas corporais e exibem adornos que permitem identificar sua origem: são os já citados caboclos, pretos-velhos, marinheiros, etc. Cada uma dessas categorias, agrupadas em linhas, atendem a pedidos específicos, "especializam-se" em determinadas doenças e problemas. Assim, por exemplo, exus e pombas-gira atendem a casos que envolvem dinheiro, sexo, desavenças de ordem afetiva; espíritos de luz, como caboclos e pretos velhos não se envolvem com tal tipo de questões: dão conselhos, receitam remédios de ervas e raízes, insistem no fortalecimento espiritual, abrem caminhos.

Tais categorias são fundamentais para se compreender a classificação das doenças, na Umbanda, e os processos de cura. Assim, costuma-se distinguir, em primeiro lugar, as doenças cármicas: são as decorrentes de uma provação pela qual a pessoa deve passar em razão de faltas não expiadas que seu espírito, do qual o corpo é mero invólucro, tenha cometido em vidas anteriores. Neste caso resta apenas resignar-se porque da aceitação do sofrimento presente depende a evolução do espírito rumo à perfeição. Geralmente tal tipo de explicação aplica-se a enfermidades congênitas.
Em alguns casos as perturbações, tanto físicas como mentais - fraqueza, desmaios, dores de cabeça, visões, convulsões - são consideradas não doenças propriamente ditas, mas sintomas de mediunidade. A pessoa que possui essa capacidade e não sabe, ou se sabe e não quer aceitá-la pode sofrer uma série de distúrbios interpretados como resistência a dar passagem à entidade espiritual que a escolheu como instrumento para sua missão na terra.

Há também perturbações causadas por outras pessoas: são o resultado de influências negativas por causa da inveja nas relações afetivas, profissionais e também por causa de feitiços e encantamentos encomendados por desafetos. Se no primeiro caso o malefício é interpretado como resultado de fluidos negativos, no segundo é produzido diretamente pela manipulação de forças espirituais através de ritos e objetos mágicos.

Finalmente, há as doenças causadas por encosto: no último plano da escala evolutiva estão espíritos ainda sem luz, os quiumbas, que vagam sem destino e podem apossar-se das pessoas (nas quais encostam). Quando isto acontece, essas pessoas ficam perturbadas, com dores de cabeça, desmaios, compulsão ao suicídio, têm convulsões e até mesmo distúrbios físicos. Se o encosto chega a dominá-las completamente, trata-se de uma obsessão: ele toma o lugar do espírito da pessoa o que pode acarretar perturbações mais sérias e até levar à morte. Segundo as palavras de uma mãe-de-santo entrevistada,


"... é os que vem com encosto, pra eles sair, deixam desmaiado... porque esses que às vezes estão doente, que não tem cura, que os médicos estão procurando saber é porque eles não estão com seu espírito, o espírito deles está vagando e o que está é aquele companheiro morto, é um guia ruim morto, e como é que eles (os médicos) vão achar, eles não podem achar, eles ficam procurando e dizem 'você não tem nada', não tem nada naquela matéria. Porque é um espírito que está vagando, que está ali, no pé dele... A Raimunda, ela passou dezessete dias nas (Hospital das) Clínicas, mal, mal, e os médicos não estavam mais dando vida pra ela, ela só ficou boa quando fiz o levantamento dentro das Clínicas, chamei o espírito dela, tirei aquele que estava vagando com ela, trouxe prá cá e fiz transporte aqui no terreiro mesmo, na gira, foi aí que deu três dias e ela recebeu alta: ela não abria os olhos, não falava mais. Enquanto não tirar (o espírito obsessor) pode até morrer, porque taca remédio sem aquela matéria precisar, não é? aí toma aqueles remédios, injeção, operação, duas, três operação, eles queriam operar e eu disse não opera e dito e feito, não precisou, até hoje". (Gilda Alves, mãe-de-santo da "Tenda de Umbanda Caboclo Sete Flechas")



DOENÇA E CURA
Tendo em vista que para os umbandistas corpo e mente constituem uma unidade, pertencente ao mundo físico e contraposta ao plano espiritual, cósmico, a doença mental surge sempre no discurso sobre doença de forma geral. Encostos, faltas não expiadas em outras encarnações, mediunidade não desenvolvida, más influências de terceiros, trabalhos feitos - tudo isso pode acarretar perturbações tanto no corpo como na mente. Por outro lado, sendo a terra "um planeta de trevas, de expiação, de sofrimentos, por isso o mal predomina nos espíritos reencarnados neste mundo: somos imperfeitos, isto é, somos maus, orgulhosos, odientos, vaidosos, vingativos, ciumentos, invejosos e temos faltas a redimir provindas das encarnações anteriores", de acordo com as palavras de um líder umbandista , a humanidade está sujeita a toda sorte de más influências que afetam as pessoas mais fracas, sem a cobertura e proteção dos guias.
A existência do mal no mundo, que para os adeptos mais intelectualizados da Umbanda é resultado da posição inferior que a terra ocupa no plano evolutivo cósmico, no discurso de pais e mães-de-santo de terreiros mais populares aparece vinculada a problemas muito concretos que afetam a vida de seus clientes: dificuldades econômicas, conflitos familiares, desemprego, e outros:


"...às vezes está desempregado, já está biruta, falando sozinho, aí a gente diz: 'Filho, você precisa de arrumar um emprego, eu vou arrumar prá você um emprego' - já fica alegre, no outro dia volta, eles chegam com a carteira (profissional), os orixás benzem aquela carteira, eles saem com aquela fé e arruma no mesmo dia, no outro dia volta a trabalhar, já então deixa de pegar a loucura, porque já vai trabalhar, e não pensa mais nisso" (Gilda Alves, mãe-de-santo).

Neste caso, a doença mental, ainda que sempre referida ao plano espiritual, não está diretamente vinculada à interferência dos fatores sobrenaturais, mas é conseqüência de conflitos e dificuldades bem prosaicos. Nos terreiros mais populares não há a preocupação globalizante do discurso dos intelectuais umbandistas que procuram relacionar tudo ao plano cósmico e para quem a desordem se situa no desajuste entre este plano e a esfera dos mortais. Mais colados ao cotidiano de seus consulentes, seu móvil é menos a coerência doutrinária que a busca de alívio para os problemas concretos e existenciais daqueles que os procuram.
A primeira conclusão a que se pode chegar sobre o caráter da doença na concepção e prática umbandistas é que as perturbações, sejam físicas ou mentais, estão sempre relacionadas com o plano espiritual: de forma explícita, no discurso dos intelectuais e dirigentes da Federações Espíritas, portadores de uma doutrina mais elaborada; nos terreiros mais populares essa relação é mais difusa e fragmentária. Algumas, como as doenças de origem cármica e as perturbações consideradas sintomas de mediunidade, são diretamente produzidas pela interferência do plano cósmico na vida dos mortais.

As doenças decorrentes de encostos, trabalhos feitos e fluidos negativos de outras pessoas, ainda que induzidos pela ação de terceiros, de uma forma ou outra passam pela mediação da esfera espiritual: o encosto é a alma de algum morto, geralmente próximo ao enfermo (parente, colega) que por ignorância ou vingança apossa-se dele; os trabalhos feitos supõem manipulação de forças e entidades espirituais através de determinados ritos e as más influências são consideradas irradiações fluídicas maléficas.

Vejamos mais de perto o caso das perturbações produzidas por encostos. Aparecem repentinamente: a pessoa está bem e, de um momento para outro, começa a ter visões, idéias compulsivas de suicídio, surtos temporários de loucura - brigas com familiares, acessos de fúria com quebra de objetos em casa - ou é acometida inexplicavelmente por algum mal físico.

A primeira providência a ser tomada é identificar que tipo de espírito está encostado, pois o processo da cura dependerá de sua natureza: geralmente entram na categoria de quiumbas, isto é, espíritos sem luz, atrasados. Pertenceram a pessoas que se dedicaram, na terra, a fazer o mal e por isso depois da morte ficam vagando sem descanso. Nem sempre são associados a pessoas que em vida tiveram alguma relação com o doente. Uma vez identificados - o que implica nomeá-los - e satisfeitos seus pedidos de tabaco, aguardente ou comida pois, como se viu, são considerados espíritos ainda muito próximos da matéria, deverão ser afastados. O processo de expulsão inclui uma série de ritos conforme o grau de domínio do encosto sobre a pessoa. Se a possessão não é total, podem ser suficientes alguns gestos rituais, os passes: o paciente - descalço e desprovido de objetos de metal - é rodeado pelos médiuns incorporados com suas entidades que passam vigorosamente as mãos pelo seu corpo, de alto a baixo, da cabeça aos pés; dão-lhe baforadas de tabaco, fazem-no girar sobre si mesmo, sacodem seus braços, etc. Se o espírito resiste, insistindo em habitar e perturbar aquela pessoa, faz-se um descarrego ou desobsessão.

O ritual varia de terreiro para terreiro, mas o processo consiste em transferir o encosto do corpo do afetado para o do médium, que atua como uma correia de transmissão; tal prática é também chamada de transporte. São ainda empregados banhos de ervas, descargas de pólvora, defumações e outros recursos como técnicas auxiliares.

Quando, no processo de identificação, estabelece-se uma relação mais direta entre o encosto e a pessoa afetada, para fazê-lo subir é preciso descobrir os motivos pelos quais se apossou dela. Este foi o caso de dona Teresa, que será relatado a seguir.





CASO DE DONA TERESA
Dona Teresa chega ao terreiro amarrada: seu caso é desesperador. Como já foi assinalado na introdução, há muito tempo deixara de cumprir com suas obrigações de dona de casa e, quando tinha os surtos, apresentava um comportamento estranho e perturbador: convidava os filhos a compartilhar seu leito, fugia de casa, fazia as necessidades fisiológicas pela casa, altas horas da noite aparecia em bares em atitudes provocativas, até em supermercados do centro da cidade fora encontrada, fazendo confusão. Não dormia mais, nem reconhecia os próprios filhos. Independentemente de qualquer diagnóstico médico, estava louca, ou seja, seu comportamento estava em desacordo com os padrões vigentes no seio de sua família e de seu meio social, como resultado de processos desconhecidos para ela e seus familiares e que resultavam em sofrimento para todos.


"A primeira vez que ela veio ao terreiro, entrou ela, o marido e os dois filhos. Era uma morena bonita, cabelo curto, rosto redondo, olhos deste tamanho. Os olhos, como duas bolas de fogo. Quando eu olhei, disse para mim mesma - Meu Deus, agora ela me mata! - a sorte é que eu tinha saído do assentamento, eu faço meu trabalho espiritual ali. A gente sente quando uma pessoa chega carregada, não é?" (Madrinha Lourdes, trecho de entrevista.)

Quando a mulher vê a mãe-de-santo, fica furiosa, solta-se e avança sobre ela aos tapas e pontas-pés, arrebentando-lhe as guias (colares de contas coloridas) e rasgando-lhe a roupa. O marido e os filhos querem intervir, mas madrinha Lourdes os impede: "Seu Bertolino" e "Rosa Bacura", duas entidades espirituais são invocadas para ajudá-la. São as entidades protetoras dessa mãe-de-santo e do seu terreiro; ela atua tanto em estado de possessão, com os espíritos incorporados, como também de forma consciente, apenas com sua invocação e presença espiritual. Por um tempo a doente se acalma, pede desculpas e ajoelha-se a seus pés, mas madrinha Lourdes diz que não é preciso, pois

"(...) eu era igual a ela, mas ela não queria: - Ah, a senhora me desculpe, a senhora me perdoe - Aí eu já fui chamando meus protetores, fazendo a minha parte. Ela ficou quietinha, dizendo: - A senhora me perdoe, viu, a senhora me perdoe.
Mas apenas tinha se acalmado, já mudou: - Ai, credo, que casa fedida, Deus que me perdoe! De novo chamei meus protetores, peguei na mão dela, falei para ela:

- Agora a senhora gosta de mim?
- Eu gosto! A senhora é muito boa, mas o que eu vim fazer aqui?

- A senhora veio passear, tomar um café...

- Eu não quero café, não! Deus me livre, nesta casa cheia de enxofre. Aqui é igreja?

Ela estava com calça preta e blusa vermelha (são as cores rituais preferidas pelas pombagiras). Aí eu pedi para tirar aquela blusa e ela disse:
- Ah, é para eu ficar pelada? Eu fico pelada!"

Madrinha Lourdes lava-lhe a cabeça e a doente volta a acalmar-se: chega a dizer para o marido que se sente bem, que é outra mulher. A mãe-de-santo começa então a perceber os encostos perto dela, que tinham ficado fora, por causa da "cerca espiritual" que suas entidades protetoras, os guias de cobertura, tinham feito quando ela chegou. Vai, então, começar a identificação dos espíritos que atormentam aquela mulher. Todos participam: a mãe-de-santo, a própria dona Teresa, o marido, os filhos, e os médiuns do terreiro que vão chegando - cada qual contribuindo, à sua maneira, como se verá adiante, para o processo coletivo de busca e construção de categorias com base no repertório comum oferecido pelas narrativas e representações das entidades e a partir da biografia da paciente.
A estrutura do processo é o seguinte: a mãe-de-santo "vê" cada um dos encostos, descreve-os, interpela-os firmemente para saber porque estão com aquela mulher e em seguida confirma suas percepções com os filhos, o marido e com a própria dona Teresa quando volta a si, perguntando se realmente existiu tal ou qual pessoa, se eles sabiam quem era, qual a relação que havia entre eles e dona Teresa. Esta, durante todo o processo, alternará entre estados de consciência alterados - quando, então, serão os encostos que se manifestam - e momentos de volta a si.

De sumo interesse seria conservar, na íntegra, o discurso e o encadeamento que a mãe-de-santo imprime ao processo; tendo em vista, porém, seu tempo de duração - "essa confusão foi prá mais de uma hora, meu filho, mais de uma hora só conversando", afirmou madrinha Lourdes - vou procurar reconstituir de forma mais econômica as falas a partir do relato original:


"(...) aí ela começou a conversar comigo depois do banho, quando daí a pouco (os encostos) iam aparecendo, um por um. Cada um que ia aparecendo, ela já ia ficando tomada. Assim, chegou primeiro uma velhinha, uma velhinha baixinha de lenço na cabeça, era bem de idade mesmo, uma pessoa de 80 anos, bem velha mesmo, com um pano amarrado aqui assim, um aventalzinho xadrez, com uma blusinha branca com um babadinho aqui, a roupa amarrada aqui assim, com um pedacinho de queijo na mão, um pano como um coador e um pedacinho de queijo. Mastigando, assim, uma coisa bem esquisita. Foi só a velha entrar que, pronto, ela (dona Teresa, alterada) começou:
- Ah, que eu vou ficar louca, porque eu vou ficar louca, porque eu não gosto dela, porque eu tenho raiva dela, porque eu quero que ela morra! "Aí, eu falei para eles (para o marido e os filhos): Eu vi entrar uma velha. E ela, falando como velha:
- Eu quero banana, eu quero banana! " Então o marido virou para ela e disse":
- Ó Teresa, não tem banana aqui, na casa da madrinha não tem banana...

- Eu não sou Teresa, não, não sou Teresa, não! "Aí, eu falei" :

- Olha, eu estou vendo muito bem a senhora - aí ela baixou a cabeça - não vá pensar que a senhora vai entrando aqui de pato a ganso, porque aqui tem quem chamar, entendeu, eu mesma estou vendo a senhora, estou vendo a senhora de tênis marrom, de avental escuro de pintinha, meio remendado num canto, estou vendo a senhora com um pano amarrado na cara, estou vendo a senhora com um coadorzinho e com um pedaço de queijo. Aí, ela desencostou e ficou num canto mascando, mascando. Aí, eu falei: "E eu tenho o nome da senhora, a senhora chama-se Nhá Mica".

- Ah, eu quero banana, eu quero banana! - Aí, ela voltou de novo.

"Então eu falei que ia mandar buscar banana, mandei buscar na hora e o senhor sabe como é, banana é uma coisa que quando acaba de fritar é quente, não é? O senhor acredita que o Luís foi buscar as bananas para ela e ela comeu as sete bananas num minuto! Quente, fervendo, num minuto!"
- Agora que a senhora já comeu as bananas, agora a senhora vai contar porque persegue esta moça. Ela é uma senhora casada, ela tem filhos, ela tem a vida dela. Se a senhora pertenceu à família dela, ou se teve amizade com ela, a senhora tem que entender que já não é deste mundo. A carcaça dela não é da senhora, a da senhora já foi há muito tempo. Nós vamos fazer uma prece para a senhora, para a senhora reconhecer o seu estado -porque fazendo uma prece, ela sente aquela leveza, assim, e aquela força, compreende?
" Dizem que para os espíritos ganharem luz, demora muito porque enquanto Deus não vê que tem merecimento, Ele não dá luz... Mas naquela horinha, só para ele reconhecer seu estado e deixar aquela carcaça em paz, os orixás de luz dão um pouquinho de luz, só para eles reconhecerem que não pertencem mais a este mundo."

- Senhor José, Ismael, Marcos, vamos fazer uma prece para dar força para esse egun desencostar um pouquinho e reconhecer o estado dele. - Pronto, fizemos aquela prece e (o encosto) saiu, saiu e ela ficou quieta, mas daqui a pouco veio de novo:
- Ah, eu não gosto dela, não!
- Por que a senhora não gosta dela?

- Ah, eu trabalhava na casa do nhô Domingos, e a mulher do nhô Domingos contratou ela para trabalhar no meu lugar, pensando que eu ia ficar escrava dela, que ela ia pisar em mim, aquele lugar me pertencia, não era dela, então eu morri logo e estou em cima dela e vou deixar ela louca.

- Está bom. Mas a senhora vai sair dela. - "Aí, eu perguntei:

- Dona Teresa, a senhora conheceu fulana de tal, assim, assim?

- Conheci, sim, era um velhinha que fazia queijo na casa do meu tio e meu tio morreu e casou com outra mulher e esta senhora pediu para eu ficar lá, e esta velhinha era a caseira e vivia brigando comigo por tinha ciúmes, pois eu sabia fazer queijo muito bem. - Aí, o marido dela falou:

- É mesmo, dona Lourdes, como é que pode, meu Deus? - Ele ficava assim tão desesperado e começou a contar também da nhá Mica. Aí eu falei que está bom , que está confirmado. E de repente ela começou de novo a dizer que estava louca e a dizer umas orações que o padre faz na Semana Santa, que ninguém entende, orações de São Pedro, Santo Agostinho, São Paulo, ela cantava Ave Maria, fazendo de conta que estava com o rosário na mão. Aí eu fiquei quieta e enquanto ela fazia isso a outra veio e encostou... Uma outra, morena pálida, morena bem bonita, de cabelo comprido, com uma falha de dente, de óculos, com brinco de argola, de vestido comprido, sapato branco uma fita azul e um pano roxo...


Nem bem tinha subido o primeiro encosto, quando se manifesta o segundo. Para resumir, dona Teresa estava possuída por cinco encostos, um exu e uma pomba-gira.... para cada um, repete-se o mesmo processo: identificação, descrição rica em detalhes concretos, confirmação, interpelação. Madrinha Lourdes trabalha a "loucura" daquela mulher introduzindo um princípio de classificação e ordem: cada encosto tem um nome, uma caracterização e uma história que se cruza com a biografia de dona Teresa. A "morena de cabelo comprido", Mercedes, era uma colega sua que fora afastada do coro da igreja pelo pároco para ceder o lugar a ela; "pai Inácio", um cuidado de porcos da fazenda que a detestava; Serafim, um mendigo; Zinha, sua aluna de catecismo que morrera atropelada. Havia, ainda, um exu e uma pombagira:

(...) Aí eu falei: Olha, eu estou vendo você e conheço você muito bem. Você é a Maria Sete Saias e você está perturbando a pessoa errada, ela é uma senhora casada, uma senhora mãe de filhos, uma senhora de muito respeito. E se você foi destinada para ser uma protetora dela, você deve proteger ela para não ter imoralidade, para ela não pensar em coisas feias, assim como não se deve, como não é permitido para uma senhora casada. Aí ela (a pombagira) saiu e pediu que ela (Teresa) lhe desse uma saia vermelha, de babado e uma flor para ela pôr no cabelo. Disse que não ia mais amolar ela. Mas que ela tem de trabalhar com ela. Aí o marido dela disse que era justamente essa daí que ficava falando, quando tirava a roupa e chamava os filhos... A Teresa falava muito nessa Sete Saias..."

Construído, desta forma, um vínculo de cada um desses personagens com a história da vida de dona Teresa, a mãe-de-santo estabelece uma série de relações: a pombagira (Maria das Sete Saias) era, pois, quem a impelia a fugir de casa e aparecer em bares; o espírito do mendigo era quem a levava ao roubo e assim por diante. Com base nessas relações, toma, então suas decisões: aqueles encostos que estavam ligados a ela por sentimentos negativos - vingança, ciúme, ódio - deviam ser afastados. Exu e pombagira, na realidade espíritos de outra categoria, (não individualizados, e já classificados - ainda que da linha da "esquerda"), podiam vir a ser seus protetores, desde que ela se dispusesse a trabalhar com eles. O único encosto que expressara bons sentimentos, de gratidão, tinha sido sua antiga aluna, Zinha; então:

(...) deixei a menina para dar uma cobertura, porque depois de todos aqueles encostos pesados, ela ficou muito abatida, muito fraca e a gente não pode retirar tudo, sabe, a pessoa vai amofinando, vai amofinando até morrer... Então eu falei para o marido - Olha, de todos os que estavam com ela, o mais leve, porque é uma criança, a gente vai ver se pode purificar com muito amor, com preces, com flores, com doces, então o espírito dela vai ficando mais entendido e fica sendo uma protetora. Porque de todos, a única que a gente podia deixar era a menina, que estava para o bem dela. A menina estava encostada porque queria agradecer, gostava dela. Mas, a velha, estava com raiva, a moça, estava com raiva...

Dona Teresa permaneceu durante sete dias na casa da madrinha Lourdes que, durante esse tempo a benzia, dava-lhe chás, preparava-lhe todos os dias banhos especiais com ervas e raízes diferentes.

P. E depois de uma semana que ela ficou aqui, ela saiu...
R. Igual a todo mundo. Durante o dia ela ficava quieta, sentada, comia, bebia, tomava banho, sentava no sol, lia revista, como qualquer um. Era como se você me levasse para passar uns dias na sua casa: a gente acorda, come, bebe, ajuda a lavar a louça...

P. E antes, ela não fazia nada disso?

R. Nossa Senhora! Ela não pegava nas coisas de jeito nenhum! ela não queria nada com a casa, era ele quem lavava a roupa, os filhos que passavam... Pois se até dos filhos ela não lembrava mais... Aqui, no dia seguinte, ela já falou - "Ai, estou pensando no Marcos, no Ismael..." Ela também não lembrava do nome do marido. Mas aqui, todo mundo perguntava - "Onde o José trabalha? Como é o nome dos seus filhos?" Todo mundo que vinha aqui perguntava... E ela respondia, "fulano de tal." E falava bem, com uma gramática... fala bem mesmo, gente fina...





CONCLUSÃO


Este relato sugere aproximações e pontos de contato (mas também contrastes, igualmente significativos) entre o processo desenvolvido no âmbito de um sistema religioso com as práticas e pressupostos do aparato e espaços institucionais voltados para o tratamento da doença mental. Não era seu propósito, entretanto, estabelecer uma comparação entre esses sistemas de cura procurando determinar qual seria o mais eficaz, "verdadeiro", nem ir muito longe na comparação, mesmo porque nenhum dos dois, especialmente o sistema baseado na medicina oficial, foram aqui apresentados e discutidos com o cuidado que o tema exige. Interessa tão somente apontar algumas pistas para uma posterior discussão.
Assim, diferentemente do hospital, por exemplo, a casa da mãe-de-santo - onde está situado o terreiro, ou local do culto - não se distingue das demais edificações do bairro: o material da construção, o estilo, os objetos e implementos domésticos, a decoração são os mesmos das outras casas da vizinhança; há roupas dependuradas no varal, não falta uma pequena horta ou jardim.

Observando-se com mais atenção, contudo, percebem-se, aqui e ali, alguns sinais que trazem a marca do sagrado: entre as plantas, há algumas especiais - arruda, guiné, peregum, espada de São Jorge e outras; uma ou outra vela acesa e, junto ao portão, a casinha de Exu, o guardião, o senhor dos caminhos e encruzilhadas (O encosto não se enganara: - "Aqui é igreja?"). Já as marcas de ruptura que o hospital introduz não são, assim, tão sutis: o edifício se destaca - grande e alto, branco e cercado de muros - com guichês, corredores, salas, celas, funcionários.

Enquanto o terreiro estabelece relações de contigüidade com a casa, o armazém, o bar, e as ruas do bairro, onde transcorre a vida cotidiana, o hospital pertence a outro quadro de vínculos paradigmáticos: evoca os espaços e edifícios que são a sede do poder, como a delegacia, a prefeitura, e outros órgãos públicos. Lá, o espaço é familiar, conhecido; aqui, impessoal, burocratizado.

Dona Teresa chega amarrada à casa da madrinha Lourdes, que manda soltá-la, toma-lhe a mão, e diante de sua indagação tranqüiliza-a dizendo que "veio tomar um café"; é assim que inicia o processo de reconstituição de sua identidade desarticulada. No hospital, é o contrário, pois lá - onde o paciente é amarrado, sujeitado - o ritual de iniciação e "boas vindas" é a retirada dos últimos sinais de identificação: raspam-lhe os cabelos, vestem-no com o camisolão, aplicam-lhe sedativos...

Neste último, os objetos (equipamentos, remédios), o espaço (salas, enfermarias, consultórios), os agentes (atendentes, enfermeiros, médicos) as normas (fichas, rotinas) são sinais e mecanismos de um poder que se exerce dividindo, separando, marcando as diferenças entre doente e são, ignorância e saber, submissão e autoridade... No caso da mãe-de-santo o que vemos atuando é o que Lévi-Strauss denomina de "complexo xamanístico" (1958: 197): a participação, cada qual com sua especificidade, do agente da cura (no caso, a mãe-de-santo), do paciente, e do público (assistentes, parentes) na produção de um ritual integrativo, de junção, de agregação.

O poder que o pai ou mãe-de-santo exercem sobre a "loucura" dos outros tem como base e garantia o domínio sobre a própria loucura, provados através de seu desenvolvimento, a partir da feitura de cabeça, ou seja, de sua iniciação nos segredos e práticas sagrados, sujeitos a controle e contestação por parte da comunidade. Madrinha Lourdes "delira" junto com sua paciente, revive, com ela, sua própria crise; só que sabe como entrar e sair desse estado, e o faz ritualmente, de forma codificada.

Sua estratégia não consiste em tentar eliminar a loucura, mas abrir um espaço para que esta possa expressar-se: para tanto, constrói, de maneira vívida e convincente, as imagens dos encostos a partir de fragmentos de informações que vai recolhendo durante o processo; ainda que não estejam totalmente "verdadeiras", isto é, em conformidade com o que realmente aconteceu, essas imagens são, com certeza, verossímeis - e é isso o que importa, para sua eficácia e poder de convencimento.

Recompõe-se a biografia daquela mulher e o que era vivido, dolorosamente, como "loucura", adquire inteligibilidade: em vez de ser reprimida encontra, agora, lugar num espaço ritual ao lado da de outras pessoas com experiências semelhantes, passando a manifestar-se através de um código legitimado por referência aos mitos que lhe dão sustentação.

A iniciante terá à sua disposição, para desenvolver-se, todo um espectro de possibilidades: será uma mulher sedutora e debochada, através de sua pombagira; arrogante e independente, por intermédio do caboclo; sábia e conformada, com seu preto ou preta-velha e assim por diante. Sua "loucura" não será mais a explosão incontrolável de forças desconhecidas e perigosas: começará e terminará ritualmente.

O tratamento realizado no terreiro, em vez de isolar o louco do convívio dos sãos, é integrador em vários níveis, pois fornece-lhe uma linguagem para exprimir sua loucura; ensina-lhe a conviver com ela, permitindo um reordenamento de tendências e pulsões desagregadoras; integra-o no grupo dos demais praticantes e o re-situa no meio de um grupo que não o vê como anormal, mas, ao contrário, como portador de uma missão.

O que está em causa não é a tentativa de suprimir o conflito, mas a possibilidade de torná-lo inteligível, de dar-lhe um significado (Geertz, 1978). A linguagem religiosa e as referências ao mundo dos espíritos que permeiam a prática umbandista não significam, pois, um mecanismo simplificador destinado a reduzir todas as perturbações a uma causa única, espiritual, "ilusória". É certo que a referência ao sistema religioso está presente e é a ele que se recorre em busca de fundamento.

No entanto, na outra ponta do processo estão os problemas concretos e reais resultantes de dificuldades econômicas, familiares, afetivas, etc. as quais, sejam ou não pensadas em termos de encostos, trabalhosfeitos, etc., não deixam de constituir fatores de angústia, sofrimento e conflitos. O discurso religioso globalizante, conforme afirma Geertz (op.cit.) permite pensá-los dentro de alguma ordem, oferece um critério de classificação e representa um princípio integrador de acontecimentos que em sua incoerência se apresentam como insuportáveis. E a umbanda o faz à sua maneira como se pôde ver com base no relato sobre o encontro de dona Teresa e madrinha Lourdes.

Notas

1 A publicação deste texto deveu-se ao interesse de Luiz Henrique de Toledo, que me convenceu a fazê-lo, apesar de algumas resistências iniciais que precisam ser explicitadas até para que se possa entender a própria estrutura do artigo. Ele tem como base uma pesquisa que coordenei, na década de 80, com auxílio financeiro da Fundação Oswaldo Cruz e cujo responsável institucional foi o médico psiquiatra Uraci Simões Ramos. O relatório final, que nunca foi publicado, tinha como sub-titulo: "subsídios para uma proposta de estudo comparativo entre a prática médica oficial e práticas alternativas" e trazia os dados de campo colhidos em vários terreiros de umbanda na cidade de São Paulo. Utilizei parte das observações, entrevistas e análise num texto didático que circulava entre alunos e que, posteriormente, foi atualizado e tomou o formato de artigo. Essa versão, entretanto, nunca foi publicada, pois eu queria localizar a paciente tratada pela mãe-de-santo e incluir seu depoimento, após o processo aqui descrito, com o propósito de cotejá-lo com o discurso de madrinha Lourdes; infelizmente, nunca consegui localizar dona Teresa. Ainda acho que o texto fica incompleto sem a comparação; no entanto, fui convencido de que, apesar de datado e marcado por essa limitação, valeria a pena divulgá-lo na medida em que mostra, ao menos em parte, a lógica da cura no contexto ritual e doutrinário da umbanda em uma de suas vertentes.
2 Este dado foi levantado por Negrão, 1996 e é aproximativo, pois tem como base informações oficiais colhidas em cartórios de registro. Há, porém, muitos locais de culto que não são registrados e nem todos que fecham fazem a devida comunicação.
3 Cabe lembrar que há diferenças entre as "nações" de candomblé (quetu, angola, ijexá, etc.) em relação ao panteão, denominações das divindades e suas características; aqui tomo como referência a versão mais conhecida do candomblé quetu ou nagô.
4 Que, por sua vez, tomou o termo da tradição hinduísta.
5 Como as entidades que representam boiadeiros, cangaceiros, ciganos, marinheiros, etc.
6 Corruptela do termo quimbundo "bombongira"
7 No sentido mais corrente de feitiço, encantamento com fins maléficos.


BIBLIOGRAFIA

Geertz, Clifford. - A interpretação das culturas , Rio, Zahar Editores, 1978
Lévi-Strauss, Claude. - Anthropologie Structurale, Paris, Plon, 1958
Magnani, J.Guilherme. - Umbanda, São Paulo, Ed. Ática, 1996.
Magnani, J.Guilherme e Ramos, Uraci S. - "Doença e Cura na religião umbandista" - PESES, Fundação Oswaldo Cruz - Relatório de Pesquisa, 1980
Negrão, Lysias - Entre a cruz e a encruzilhada: formação do campo umbandista em São Paulo . São Paulo, Edusp. 1996
Turner, Victor. - O processo ritual. Petrópolis, Vozes, 1974

Artigo publicado em Teoria e Pesquisa - revista do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Departamento de Ciências Sociais da da Universidade Federal de São Carlos, n. 40/41 jan/jul 2002.


http://www.n-a-u.org/magnanidioencaecuranaumbanda.html