sexta-feira, 28 de maio de 2010


Falange do Oriente na Umbanda

Em se tratando do estudo da corrente de espíritos do Oriente, cabe primeiramente os esclarecimentos a respeito do que sejam esses espíritos, quais são as suas características, atribuições e abrangências no movimento umbandista, desde o seu início até os tempos atuais.
O ponto inicial para a compreensão de qualquer tema relativo a espiritualidade é identificar os objetivos e meios utilizados por cada grupo de espíritos.

A corrente do Oriente tem por característica marcante entre suas atribuições, a de ser representante dos valores, atributos e virtudes relativas à difusão do saber, à cura psíquica, e ao contato do ser com planos energéticos mais puros e elevados.

A ciência espiritual nos ensina que os espíritos buscam contato com os seres de diferentes planos, de acordo com os laços de afinidade e semelhança que encontram.

Os espíritos da corrente do Oriente, carregando suas atribuições e virtudes, buscam no plano das matérias, seres encarnados possuidores desses mesmos atributos, afim de que sirvam como pontos de referência e elos firmes de ligação, entre as comunicações provindas destas inteligências no, e do plano espiritual.

Quando esses espíritos utilizam a corrente espiritual da Umbanda, como vínculo para a realização de suas atividades, passam a empregar as formas e costumes típicos da corrente da Umbanda, tais como a manifestação mediúnica, através da mecânica de incorporação, a irradiação fluídica e o uso da magia.

Neste mesmo tocante, a busca por médiuns, capazes de servir como veículos de comunicação perfeitos, em semelhança e afinidade aos seus objetivos, se baseia no nível de esclarecimento e elevação moral do encarnado. A Umbanda, como religião prática, pautada na lei kármica, nos efeitos da ação e reação, tanto do objeto ser encarnado como espiritual, acompanha a evolução do pensamento e das ações do homem.
Todas as reformas de comportamento e pensamento do homem encarnado, fazem com que o espiritual se adapte para acompanhar essas mudanças. Não poderia ser diferente para uma religião da ação: quando a mente humanda muda de valores e dedica importâncias diferentes para sentimentos e princípios, as inteligiências do espiritual também passam a agir de acordo com as novas realidades; quando o ser encarnado troca a ordem dos valores da fé para a justiça, por exemplo, muitos espíritos que dedicavam suas ações para os princípios da fé "perdem" campo de ação e expressão.

Esse fato aconteceu nos primórdios do movimento umbandista, quando os valores predominantes na sociedades da época, eram totalmente diferentes dos da atualidade. Sentimentos e princípios como a fé, o amor, a elevação, aprimoramento e cura psíquica, eram os que norteavam as mentes humanas; na atualidade, como podemos perceber em uma simples análise, o ser encarnado aspira por equilíbrio, conhecimento e justiça, seguido por cada uma de suas virtudes, como a luta diária da sobreviência, a doutrina, o esclarecimento e a valorização do senso-comum.

Veja bem, são sentimentos diferentes que norteiam a sociedade; logo, espíritos afins a esses sentimentos é que terão mais campo de ação e expressão no plano material.

Lembrando das atribuições e sentimentos da corrente do Oriente, que são a difusão do saber, a cura psíquica e contato do ser com planos energéticos mais puros e elevados, que espaço esses espíritos encontram nas mentes humanas da atual sociedade? Que médiuns hoje trazem consigo semelhanças a essas virtudes?

No atual momento da sociedade e movimento umbandista, esses valores estão "fora de moda". Não que tenham menor importância que os demais e vigentes, mas não são devidamente reconhecidos pelo ser encarnado. Quando as concepções da mente humana mudam, automaticamente fecham-se portas de ligação entre grupos de espíritos e o mundo físico.

Dentro da corrente espiritual da Umbanda, uma forma muito comum dos espíritos da corrente do Oriente continuarem atuando e transmitindo seus objetivos, é através do "desdobramento" nas linhas de trabalho. Sendo difícil de encontrar médiuns afins com os seus princípios, esses espíritos tem buscado médiuns que, mesmo através da expressão de outros espíritos, tenham algum laço de ligação com seus objetivos. Nessa concepção temos a presença da corrente do Oriente na linha de trabalho de Ogum, por exemplo, através do caboclo Ogum Timbiri; compreenda-se como a expressão das virtudes que o Oriente objetiva, atreladas aos valores dos espíritos da linha de trabalho de Ogum; resultaria em algo como "o equilíbrio e a luta de Ogum dedicadas para os valores da elevação e saber Oriental".

Temos a presença de espíritos da corrente do Oriente, em todas as linhas de trabalho da Umbanda. Na linha das Almas, por exemplo, temos um representante chamado preto velho Pai Jacó; na linha de trabalho de Oxalá, temos o Caboclo Himalaia de Orixetã; na linha de trabalho de Oxossi, temos o Caboclo da Lua; na linha de trabalho de Yemanjá, temos a Cabocla Morangina e o Caboclo Sete Mares. Na linha de trabalho de Xangô, temos o Caboclo Pedra Branca e Caboclo Estrela do Oriente.

Exemplos existem e são vários, e não sobraria espaço para citar todos. O fato comum a ser analisado, por sua importância, é a forma como os espíritos da corrente do Oriente encontraram, para continuar atuando no plano material e divulgando suas mensagens.

Um outro fato pertinente, e que requer atenção, é quanto ao simbolismo chamado Oriente. Em uma primeira vista, quando se fala em corrente do Oriente, a idéia que se passa é que os seres que fazem parte deste grupo, tiveram encarnações ou relações com a região do Oriente Médio ou localizações aproximadas, quando não isso não é fator determinante.
Em muitos casos, sabe-se de espíritos que vivenciaram entre as civilizações maias, astecas, incas, povos celtas, xamânicos de uma forma geral. O fator comum determinante, que faz com que o espírito enquadre-se na corrente do Oriente, são os citados anteriormente, como a difusão do saber, a cura psíquica, além do contato com os planos energéticos elevados.

Concluindo, se atualmente no movimento umbandista, se não temos a presença mais expressiva de espíritos da corrente do Oriente, é porque os valores e princípios humanos não permitem. A partir do momento que existir mais médiuns, cuja elevação moral se assemelhar aos espíritos Orientais, teremos mais manifestações mediúnicas, mais contato com esses níveis de inteligência e seus saberes milenares.

By Jadir Santos e Sandra.

Abraços!
Texto retirado da comunidade Umbanda Sem Medo.