domingo, 7 de março de 2010

Carta aberta à Comunidade Umbandista



Prezados Irmãos de Fé e na Fé, salve!

O jornal O Globo "brindou" os leitores da edição do primeiro dia de 2005, logo após a internacional festa de Reveillon de Copacabana – cuja origem remonta o início da década de 60 como uma festa para homenagear Yemanjá –, com a matéria "Umbanda e candomblé estão encolhendo no país".
A matéria, assinada pelos repórteres Chico Otávio e Toni Marques, aponta como uma das causas do "encolhimento" das religiões conhecidas como afro-brasileiras a expansão das seitas "neopentecostais", que impõem como meta a se cumprir pelos pastores-executivos, fechar o maior número de terreiros existentes na área em que se instala um novo templo.
E se não bastasse os "antipatizantes" da Umbanda, a matéria aponta outras causas para a redução do número de adeptos de nossa religião: a falta de organização e a desunião dos dirigentes de culto. "As federações e Umbanda e Candomblé, que supostamente uniriam os terreiros, não funcionam, pois não há autoridade acima do pai ou mãe-de-santo. Além disso, os terreiros competem entre si, e os laços de solidariedade entre os diferentes grupos são frágeis e circunstanciais".
Os católicos e evangélicos estudam e citam a bíblia com freqüência, os muçulmanos conhecem o antes e o depois de Maomé, o budista estuda a vida de Sindartha. E nós? A grande maioria limita-se a ser Umbandistas três horas por semana durante a gira, achando-se assim detentores de todo o conhecimento. A maioria sai do terreiro e deixa a Umbanda lá, em "stand by", até a próxima gira. Se interpelados, a explicações sobre a Umbanda, sobre seu contexto, dificilmente conseguirá ir além de um "risco no verniz".
Nós, da Umbanda do Cruzeiro do Sul e templos filiados, estamos empenhando em fazer circular as informações acima e propor um momento de reflexão sobre o conteúdo ideológico das mesmas ao maior número de pessoas possível. Assim, julgamos que se faz necessário deixar de lado vaidades, orgulhos e interesses pessoais e focarmos nossos esforços ao desenvolvimento do Movimento Umbandista.
Já é hora de deixarmos de lado questões menores como, por exemplo, discussões sobre Umbanda "branca", Umbanda "pura", Umbanda "africanizada", Umbanda "ocidentalizada", Umbanda "orientalizada", Umbanda "cósmica", Umbanda "de mesa", Umbanda "evangélica", Umbanda "esotérica" ou "exotérica" ou se "embranqueceram" a Umbanda. Portanto, independentemente de nomenclaturas, símbolos, referências arquétipas, espaços, instalações, cores, o mais importante é a visão macro da religião, é o que a norteia, é, enfim, a missão que desenvolve. Como cada um interpreta, entende ou pratica a Umbanda, é uma questão de foro íntimo e diz respeito somente ao microcosmo de cada terreiro ou mesmo ao próprio indivíduo. Não importa se acreditamos que tal Entidade é de uma falange ou Vibração Ancestral e não de outra. O que importa é que tal Entidade Espiritual está desenvolvendo e praticando a sua Missão.
Não podemos continuar olhando para o umbigo como se fosse o centro do Universo. Não podemos continuar acreditando que somente em nosso terreiro se manifestam os verdadeiros mensageiros d'Aruanda e que "nossos" guias são mais fortes do que o do vizinho. Não é esse o ensinamento que "Crianças", "Caboclos", "Pais-Velhos" e "Exús" trazem. Até quando nos manteremos surdos aos ensinamentos dos Guias que se dignam em "baixar" em nossas carcaças?
Assim, nos colocamos abertos para participar de toda e qualquer ação que venha promover a união do Movimento Umbandista. Bem como, colocamos à disposição o site que mantemos há dez anos (www.nativa.etc.br) para a divulgação dessas mesmas ações.




Postado pelo Mestre Thashamara

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