quarta-feira, 23 de junho de 2010

OS VÉUS DA DOR...


Oh! Senhor dos Mundos... Onde estás? Que não te ouço mais, desde aquele
instante-luz – marco na eternidade de minha percepção consciente, dito como
livre-arbítrio!
Instante maldito em que, usando de minha vontade, desci às terríveis regiões
cósmicas da ignorância – do desconhecido!...
Onde estás?! Onde estás agora, Senhor?! Quando as chagas da dor, de
sofrimento mil, vêm marcando como fogo esta minha alma, através de tantas e
tantas encarnações e nesta se consubstanciaram na tremenda exigência desse
testemunho de fogo.

Oh! Senhor das Vidas! Quão rígido é sentir-se os véus da dor abrir o íntimo da
consciência e revelar em quadros retrospectivos a soma das ações contundentes,
com as quais feri, da esquerda para a direita, a esses e aqueles!...
Oh! Senhor da Eternidade! Quão terrível é ver se rasgar os Véus da Dor,
sentindo consciente interpenetrá-la, nas profundas razões – de causas e efeitos,
geradoras dessas condições, já marcadas no ritmo da conseqüência...

Mas, oh! Senhor das Almas! Afirmo-te que conscientemente: mais dolorosa
que essas dores foi a revelação que a mim veio... Passarão as noites e os séculos,
aos milhões, na repetição que a mim veio... Passarão as noites e os séculos, aos
milhões, na repetição incessante dos Ciclos e, entretanto, a libertação final se
encontra tão longe ainda, quanto a distância-luz que me falta para ascender,
através das galáxias, à Linha de Evolução Original – aquela de onde vim...

E é por isso, Senhor, que sofro a desesperação de um saber, preso às células
orgânicas que desgastei, no entrechoque das lutas e das emoções!...
Sim, sim Senhor das Vidas! Porque estas células sensíveis conservam, no íntimo de sua natureza, a marca dos “espinhos” que rasgaram os véus da minha vontade,
dos meus desejos, desnudando-me a alma para a vertigem das encarnações...

Sim! Ainda conservo a lembrança de meu primeiro pranto consciente, porque vi,
impressas nas lágrimas derramadas, as sendas que havia construído no passado...
Elas, Senhor, se uniam como linhas, no final, formando um caminho e nele eu “me
via frente a frente com meu ponto-crucial.”

Mas, oh! Senhor das Consciências! Quantas vezes – TU bem o sabes – consegui
afastá-lo, pelas mil artimanhas de meu espírito... e, no entanto, ontem senti uma
imperiosa necessidade de enfrenta-lo e hoje, ele – esse ponto crucial, rasga mais
um véu, o da grande dor, no testemunho consciente da prova que aceitei e deu
nesta vida...

Agora, oh! Senhor da Suprema Lei, que parece tudo haver passado como um
furacão, me ajuda a esquecer – porque, perdoar eu já o fiz – as dolorosas
impressões que ainda estão aferradas em minha alma, de tantas e tantas traições,
de tantas e tantas punhaladas e de tantas e tantas incompreensões...

LIÇÕES DE UMBANDA E QUIMBANDA NA PALAVRA DE UM “PRETO-VELHO”

W.W. DA MATTA E SILVA
(Mestre Yapacany)

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