segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Rituais da Umbanda


Tu sabes o que é caridade?
Caridade é...
Apartar a pedra do caminho para que ninguém nela venha a tropeçar;
Preparar o espírito para ajudar a qualquer momento;
Não te maldizer daquilo que não te parecer justo;
Não esperar que o necessitado te procure,vá ao encontro dele;
Perdoar sempre, humilhar nunca;
Não praticar atos contrários à consciência universal;
Não falar mal de ninguém, servir sempre e de boa vontade!
(extraído do 2º número do Jornal a Caridade, julho de 1956)

Não se concebe umbanda sem ritual. É fundamental oferecer às entidades um ambiente
propício aos seus gostos. Para os caboclos, oferecem-se charutos, velas; para os pretos
velhos, banquinhos, café, cachimbos, fumo; para as crianças doces e refrigerantes.
Entre esses rituais, destacamos alguns elementos básicos para o perfeito transcorrer
dos trabalhos, a seguir:

CORRENTE MAGNÉTICA
Muita gente ainda não sabe por que não se deve cruzar braços e pernas
quando se assiste a uma gira de Umbanda. Para quem desconhecem isso parece
estranho.
Ao redor do corpo humano existem correntes de energia circulando, uma
em sentido contrário à outra; enquanto uma sobe, a outra desce, sem contudo se
chocarem. Ao cruzarmos braços e pernas, misturamos a trajetória destes fluidos e
consequentemente as linhas se chocam, resultando desequilíbrio no fluxo magnético,
com dispersão da energia vibratória, cortando a corrente formada entre os presentes.
Semelhante ação ocorre no plano físico, quando cruzamos o circuito da
corrente elétrica. Se encostarmos dois fios de luz, haverá o curto circuito, com prejuízo
para algum aparelho elétrico ou fusível, queimando-os e cortando o fluxo eletrônico.
Como vemos, tudo obedece a leis lógicas e naturais, tanto no plano
material quanto no astral.

DEFUMAÇÃO


A queima de ervas é um recurso usado para afastar fluidos perturbadores
de lugares e de pessoas, muito usado em quase todas as religiões. É obrigatório no
início dos trabalhos de terreiros em que se queira limpar o astral do ambiente. Para
defumação, usa-se em geral plantas e ervas específicas. As mais recomendáveis são:
alecrim, arruda, benjoim, alfazema, guiné, sândalo, incenso e mirra, podendo ser
apenas uma, três, cinco ou sete delas.
As defumações podem também ser utilizadas para casas, carros, etc, eliminando os maus fluidos; para este tipo de ritual, pode-se utilizar os defumadores em
cubo ou os que queimam em braseiro. Igualmente aos banhos, os restos das
defumações devem ser despachados em água corrente.
PONTOS CANTADOS

São hinos de relevante importância na Umbanda, para a evocação das
entidades. Estes cânticos permitem ao médium manter-se em equilíbrio real, e
funcionam como verdadeiras preces. Sob suas vibrações é que o indivíduo percebe de
maneira eficaz a aproximação das entidades, conseguindo melhor concentração para o
trabalho espiritual.
O ponto cantado possui várias finalidades, apresentando-se como: ponto
de chamada, aquele que é cantado apenas para evocar a entidade de trabalho daquela
sessão; o ponto de subida, com o qual o guia se despede dos trabalhos daquele dia; há
também os pontos de abertura e encerramento dos trabalhos, os de defumação, etc.
Em alguns casos, os pontos cantados podem ser acompanhados de palmas.



BANHOS

Os banhos se firmaram como sendo parte de uma liturgia religiosa. Sendo
o médium um receptáculo de vibrações boas e más, deve zelar cuidadosamente pela
saúde de seu corpo físico e astral. É muito comum também os filhos de fé tomarem
banhos de descarga e de defesa, receitados pelas entidades. Há banhos que possuem
sal grosso e ervas em sua composição, que devem ser preparados em infusão de água
fervente por volta de 15 minutos, abafando o recipiente. Quando a água estiver morna,
derrama-se sobre o corpo, do pescoço para baixo, sem banhar a cabeça. Não se deve
molhar a cabeça porque muitas ervas se prestam para facilitar o desenvolvimento da
mediunidade, "abrindo a mente". As ervas usadas no banho devem ser despachadas
em água corrente, e devem ser usadas em seu estado verde, para não perderem as
suas propriedades vibratórias.

GUIAS (COLARES)
As guias usadas para defesa ou para trabalhos nos terreiros são colares
feitos de materiais facilmente imantáveis, condutores de correntes magnéticas.
Ajudam na invocação dos protetores, na concentração, captam bons fluidos, formando
um círculo de vibrações benéficas ao redor da pessoa que os usa. Após um processo
de 'cruzamento', ficam em ligação fluídica com as entidades espirituais. Uma guia só
terá valor quando for cruzada por uma entidade incorporada.
A guia é usada praticamente em todo tipo de ritual, é um objeto sagrado.
Normalmente quando o filho de fé dá seus primeiros passos dentro da Umbanda, este
fica com a primeira guia, que também é a mais importante. Ela é constituída de pedras
de cerâmica, miçanguinha de cor branco leitoso.
Para tanto, as guias devem ser confeccionadas de matéria natural, não
de plástico, pois este não é substância imantável. Cada linha possui seu material e
cores apropriados.
Se uma guia quebra, procura-se recuperar o máximo de contas e depois
devemos montá-la e consagrá-la novamente. Para cuidar-se bem das guias, devemos
lavá-las de vez em quando com água do mar ou água e sal grosso, ou conforme
solicitação do guia.

VELAS
O uso das velas é um ritual simples para qualquer religioso. O único pré
requisito para o ritual com uma vela é a crença no que se está praticando.
Muitas são as pessoas que têm o costume de acender velas para seus
anjos de guarda, ou mesmo para parentes e amigos já falecidos. Entendemos que é
fundamental oferecer velas a estes, porém é aconselhável não fazer no interior de
casa, pois além de evitar possíveis incêndios, também evita-se a presença de
quiumbas que só prejudicam.
Os lugares adequados para acender velas são os velários de igrejas, com
exceção de trabalhos feitos pelos guias, onde eles determinam como e onde se deve
acender as velas.
O trabalho com velas é fundamental em um terreiro. Porém é através
delas que as entidades auxiliam os filhos de fé na resolução de seus problemas. Na
maioria dos trabalhos com velas é utilizada a de cor branca; porém ao uso de velas
coloridas, deve-se possuir o consentimento do chefe do terreiro.

PATUÁS

O patuá é um objeto consagrado que traz em si a força mágica dos
guias, a quem ele é consagrado.
É considerado um amuleto de proteção e sorte, porém só terá valor se
for preparado por entidades incorporantes. Após o cruzamento do patuá, o mesmo é
entregue ao filho de fé, que deverá guardá-lo em lugar próprio. Vale ressaltar que
cada patuá é feito para apenas uma pessoa.
Os ingredientes mais utilizados na confecção de patuás são: figas de
guiné, olhos de boi, cruz de caravaca, sementes variadas, ervas, etc.


ROUPA BRANCA

As roupas de um umbandista, quando em atividade dentro do terreiro,
devem ser brancas e muito limpas. Elas devem ser guardadas em local sempre
determinado. Não devem possuir nenhum luxo, apenas o essencial. Calças folgadas,
camisetas não apertadas para deixar à vontade médiuns e cambonos.
As meias e peças íntimas também brancas são fundamentais. Os
sapatos brancos, devem ser de sola de borracha (de preferência, tênis).
Essas roupas devem ser somente de uso nas giras, não podendo em
hipótese alguma serem utilizadas em locais ou atividades diferentes

Nenhum comentário:

Postar um comentário